São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 2005

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Banco Mundial alerta sobre risco de recessão global nos próximos anos

IURI DANTAS
DE WASHINGTON

Apesar de uma expectativa otimista com a expansão da economia em 2006 e 2007, a alta do preço do petróleo aliada à incerteza do comportamento dos juros levou o Banco Mundial a admitir a chance de uma recessão global nos próximos anos. Em seu relatório anual "Prognósticos para a Economia Global", o banco também ressalta a importância da abertura de mercados e a redução de subsídios agrícolas previstos na Rodada Doha para que países em desenvolvimento, como o Brasil, consigam crescer de maneira sustentável.
"Como resultado [de um aumento mundial da demanda], os preços do petróleo poderiam ser impulsionados para mais alto, o que poderia provocar um brutal ciclo inflacionário e, finalmente, uma recessão", aponta o documento divulgado ontem.
Cauteloso em caracterizar a possibilidade de uma recessão global, o Bird cita um equilíbrio temporário de forças da economia mundial que tem evitado o aumento exacerbado dos juros e spreads [diferença a mais cobrada por quem empresta para viabilizar o negócio]. Esse equilíbrio é formado, entre outros, por anos de uma política monetária menos rígida nos países desenvolvidos, pelo aumento da poupança na Europa causada pelo envelhecimento da população e por um cenário de baixa inflação.
A propensão de os preços permanecerem baixos vem sendo auxiliada especialmente pela entrada de novos personagens de peso no cenário mundial, como o Leste Europeu e a China. Os baixos custos de produção nesses países -alavancados por baixos salários e forte presença do Estado na economia- resultam em produtos mais baratos e na instalação de plantas industriais nestes países. O problema que vem ocorrendo, especialmente na China e na Índia, é o aumento da demanda e maior consumo de petróleo, causando a atual crise de demanda do óleo cru e uma conseqüente alta dos preços.
Segundo o Banco Mundial, uma mudança abrupta do cenário atual poderia provocar um ajuste rápido nas taxas de juros, resultando numa desaceleração mais acentuada. "Ainda que não seja o cenário mais provável, o recente aumento nos títulos de longo prazo e na inflação sugerem que um cenário de taxas de juros mais altas é uma possibilidade real", diz o relatório do Bird.
Na sua previsão, o banco estima que o crescimento mundial ficará estável em 2006, depois de cair para estimados 3,2% neste ano ante os 3,8% do ano passado. Para 2007, a instituição prevê aumento de 3,3% no PIB (Produto Interno Bruto) global.

Países em desenvolvimento
Na América Latina e no Caribe, o movimento será contrário. O Banco Mundial estima crescimento de 3,9% neste ano e 3,6% em 2007. Nesse caso específico, o Brasil e o México desempenham o papel de "âncoras" do continente, um pela rigidez da política monetária e o outro pela redução de cinco dias de trabalho.
O relatório ressalta ainda os benefícios promovidos pelas remessas internacionais de imigrantes. A força de trabalho nos países desenvolvidos poderia crescer em 3% até 2025, e a legalização das remessas de dinheiro para o país de origem, que ultrapassaram US$ 225 milhões neste ano, poderiam crescer em 50%. Com isso, as remessas se tornariam a maior porta de entrada de dinheiro estrangeiro em muitos países pobres.


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