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Banco Mundial alerta sobre risco de recessão global nos próximos anos
IURI DANTAS
DE WASHINGTON
Apesar de uma expectativa otimista com a expansão da economia em 2006 e 2007, a alta do preço do petróleo aliada à incerteza
do comportamento dos juros levou o Banco Mundial a admitir a
chance de uma recessão global
nos próximos anos. Em seu relatório anual "Prognósticos para a
Economia Global", o banco também ressalta a importância da
abertura de mercados e a redução
de subsídios agrícolas previstos
na Rodada Doha para que países
em desenvolvimento, como o
Brasil, consigam crescer de maneira sustentável.
"Como resultado [de um aumento mundial da demanda], os
preços do petróleo poderiam ser
impulsionados para mais alto, o
que poderia provocar um brutal
ciclo inflacionário e, finalmente,
uma recessão", aponta o documento divulgado ontem.
Cauteloso em caracterizar a
possibilidade de uma recessão
global, o Bird cita um equilíbrio
temporário de forças da economia mundial que tem evitado o
aumento exacerbado dos juros e
spreads [diferença a mais cobrada
por quem empresta para viabilizar o negócio]. Esse equilíbrio é
formado, entre outros, por anos
de uma política monetária menos
rígida nos países desenvolvidos,
pelo aumento da poupança na
Europa causada pelo envelhecimento da população e por um cenário de baixa inflação.
A propensão de os preços permanecerem baixos vem sendo auxiliada especialmente pela entrada de novos personagens de peso
no cenário mundial, como o Leste
Europeu e a China. Os baixos custos de produção nesses países
-alavancados por baixos salários e forte presença do Estado na
economia- resultam em produtos mais baratos e na instalação de
plantas industriais nestes países.
O problema que vem ocorrendo,
especialmente na China e na Índia, é o aumento da demanda e
maior consumo de petróleo, causando a atual crise de demanda do
óleo cru e uma conseqüente alta
dos preços.
Segundo o Banco Mundial, uma
mudança abrupta do cenário
atual poderia provocar um ajuste
rápido nas taxas de juros, resultando numa desaceleração mais
acentuada. "Ainda que não seja o
cenário mais provável, o recente
aumento nos títulos de longo prazo e na inflação sugerem que um
cenário de taxas de juros mais altas é uma possibilidade real", diz
o relatório do Bird.
Na sua previsão, o banco estima
que o crescimento mundial ficará
estável em 2006, depois de cair para estimados 3,2% neste ano ante
os 3,8% do ano passado. Para
2007, a instituição prevê aumento
de 3,3% no PIB (Produto Interno
Bruto) global.
Países em desenvolvimento
Na América Latina e no Caribe,
o movimento será contrário. O
Banco Mundial estima crescimento de 3,9% neste ano e 3,6%
em 2007. Nesse caso específico, o
Brasil e o México desempenham o
papel de "âncoras" do continente,
um pela rigidez da política monetária e o outro pela redução de
cinco dias de trabalho.
O relatório ressalta ainda os benefícios promovidos pelas remessas internacionais de imigrantes.
A força de trabalho nos países desenvolvidos poderia crescer em
3% até 2025, e a legalização das remessas de dinheiro para o país de
origem, que ultrapassaram US$
225 milhões neste ano, poderiam
crescer em 50%. Com isso, as remessas se tornariam a maior porta de entrada de dinheiro estrangeiro em muitos países pobres.
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