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ALÉM DO IBOVESPA
Empresas menores distribuem lucros para atrair investidores, mas papéis têm baixa liqüidez e risco maior
Ação de segunda linha paga mais dividendo
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Olhar além do Ibovespa pode
ser uma boa oportunidade de ganho para quem aplica em ações.
No balanço de 2003, quem investiu em ações consideradas de segunda linha teve uma boa surpresa: foram esses os papéis que deram os melhores retornos em termos de dividendos.
Um estudo feito pela consultoria Economática mostra que, das
15 empresas que tiveram o melhor "dividend yield" em 2003,
apenas 3 pertenciam ao Ibovespa
(índice que reúne as 54 ações mais
negociadas na Bolsa).
O "dividend yield" é um índice
que representa o total de dividendos e juros sobre capital pagos
por uma empresa em determinado período, dividido pela cotação
da ação.
Os dividendos são recursos pagos para o detentor de uma ação
em determinado período.
Porém, advertem analistas do
mercado financeiro, ganho passado não é segurança de ganho futuro. Ou seja, uma ação que teve
bom retorno em um ano pode ser
mau negócio em outro período.
Os destaques em termos de "dividend yield" no ano passado foram: Banrisul (28,26%), Banese
(22,57%), Coelce (22,34%) e Eternit (21,25%). Todas essas ações
não pertencem ao Ibovespa e,
portanto, têm pouca liqüidez (volume de negócios).
"É importante lembrar que baixa liqüidez representa aumento
de risco. Se o investidor precisar
vender rapidamente um papel
desses, poderá encontrar dificuldades", avalia Luiz Antonio Vaz
das Neves, diretor da corretora
Planner.
As empresas que negociam
ações na Bolsa são obrigadas por
lei a pagar, no mínimo, 25% de
seu lucro líquido em dividendos.
Os especialistas dizem que o
ideal é mesclar os critérios de
bons pagamentos de dividendos e
de liqüidez. Ou seja, escolher as
ações que distribuem bons dividendos e com um volume de negócios razoável.
O critério de escolher uma ação
só pelo retorno com dividendos
não é recomendado pela maioria
dos analistas.
Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora Senior, afirma que
investidores o procuraram recentemente para montar uma carteira tendo como critério principalmente o potencial retorno com
dividendos. "Mas é perigoso
montar uma carteira baseado
nesse critério. E se, no ano seguinte, a empresa não tiver lucros expressivos e passar a pagar menos
dividendos?", questiona.
Motivos
Alguns fatores são apontados
por gestores para explicar o fato
de papéis de empresas de segunda
linha terem registrado melhor retorno (em termos de pagamentos
de dividendos) que os do Ibovespa em 2003. O principal deles é a
menor necessidade que as grandes empresas têm de investir.
Analistas também afirmam que
o alto pagamento de dividendos
em determinado período pode
ser uma forma de uma empresa
chamar a atenção de potenciais
investidores, já que suas ações
têm menor repercussão no mercado financeiro. Em comparação
a países latino-americanos, o "dividend yield" da Bovespa em 2003
(3,28%) ficou abaixo do de Bolsas
de países como Peru (4,64%), Colômbia (4,59%) e Venezuela
(4,42%).
Mas, comprovando que esse tipo de retorno se altera muito de
ano a ano, em 2001 a Bovespa havia ficado por esse critério à frente
desses outros mercados acionários. Naquele ano, a Bolsa de SP
teve "dividend yield" de 7,30%,
enquanto a Bolsa peruana registrou 4,64%, a colombiana, 6,63%,
e a venezuelana, 6,83%.
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