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O ATAQUE
Para tucano, cresceram
gastos, juros e impostos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil deve crescer 3,5%
neste ano, mas isso será quase
nada para a economia deslanchar. Como houve deterioração
em 2003, o país ficará mais ou
menos no mesmo lugar, diz o
economista José Roberto Afonso, um dos principais analistas
do PSDB (oposição ao governo).
Afonso produz análises semanais reservadas para municiar
os políticos da sigla no debate
com o governo Lula. Em sua nota do início deste mês, fez uma
análise a respeito do desempenho da economia em 2003. Seus
argumentos básicos são:
1) impostos: "A carga tributária subiu o equivalente a 0,2
ponto percentual do PIB. Na
prática, porém, para quem paga
regularmente seus tributos, isto
é, quando excluídos os recolhimentos extraordinários da arrecadação total, houve um aumento de carga da ordem de um
ponto percentual do produto
em 2003".
2) gastos: "Nunca o Tesouro
Nacional gastou tanto -28,5%
do PIB em 2003, contra 25,2%
em 2002, que já era o maior patamar desde 1998. Ou seja, o governo Lula elevou a despesa federal em 3,3 pontos percentuais
do PIB em 2003".
3) juros: apesar do recuo gradual das taxas, "nunca o Tesouro Nacional gastou tanto com
juros. Isso explica a elevação da
despesa total. Em 2003, o Tesouro pagou 7,5% do PIB em juros
-antes, o maior gasto havia sido de 4,9% do PIB em 1998/
1999, por conta da crise da maxidesvalorização do real".
4) ajuste fiscal: "O Tesouro teve um déficit nominal de 4,9%
do PIB em 2003, quase quatro
vezes mais do que teve em 2002,
de 1,3% do PIB, e muito acima
dos anos anteriores. Com todo
superávit primário gerado, ele
foi insuficiente para arcar com a
brutal carga de juros. Se o déficit
aumentou, não houve ajuste
-o que o governo pode alegar é
que poderia ter sido muito pior
o efeito sobre as contas fiscais de
sua própria política monetária".
Para apresentar sua análise,
Afonso usou números oficiais
divulgados recentemente pelo
governo sobre o desempenho da
economia no ano passado. "Em
2004, se se confirmar o Orçamento, a carga tributária vai aumentar ainda mais", disse o economista à Folha.
Segundo Afonso, a receita para a economia não é algo que fuja das recomendações ortodoxas clássicas -como cortar ainda mais as despesas. "Mas o que
ajudaria mesmo o governo seria
ter um diagnóstico mais realista
da situação", afirma. O governo
também deveria radicalizar com
medidas que aumentassem ainda mais as exportações. "Acumular reservas é fundamental
para diminuir o quanto for possível a dívida cambial."
O economista tucano acredita
que o país crescerá 3,5% neste
ano, como prevê o governo.
"Mas esse é um percentual modesto", afirma.
(FR)
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