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AMEAÇA EMERGENTE
Analistas dizem que commodities devem voltar a valer menos, prejudicando as exportações brasileiras
Preços da soja e do aço são risco para o país
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
Riscos externos que rondam o
mundo emergente ameaçam
bombardear a economia brasileira a partir de 2005. A provável alta
dos juros nos Estados Unidos, a
possibilidade de redução do ritmo de expansão da China e a esperada queda dos preços de commodities são os principais deles.
As exportações, principal motor
da economia brasileira atualmente, devem diminuir a partir do
ano que vem devido à queda dos
preços internacionais de produtos como soja, carne e aço, que
dispararam no ano passado.
Estudo da consultoria MS Consult revela que um recuo dos preços de 16 entre 27 produtos (que
representam 47,4% da pauta de
exportações do Brasil) para suas
médias históricas levaria a uma
redução de US$ 4 bilhões no volume de exportações.
Segundo Jorge Simino, sócio da
MS Consult, é improvável que essa queda ocorra de uma só vez.
Por outro lado, diz ele, um recuo
nos preços será inevitável e terá
efeitos nocivos sobre a economia.
"Estamos fazendo esse exercício
para avaliar o impacto da queda
de preços de commodities sobre
as exportações. E é possível que
esse impacto seja maior que os
US$ 2 bilhões da redução do saldo
comercial projetada pelo mercado para 2005", diz Simino.
Esse movimento pode afetar o
crescimento de duas formas: 1) o
setor externo tem peso direto e
significativo sobre o PIB (Produto
Interno Bruto) brasileiro; 2) exportações menores tendem a provocar pressão sobre o dólar e,
conseqüentemente, sobre a inflação, o que pode levar a uma elevação da taxa de juros.
Reversão das causas
A forte demanda da China está
entre as principais causas da forte
alta dos valores de commodities.
Há eventos extraordinários também que afetaram o preço específico de determinados produtos. É
o caso de quebras de safras de soja
e de doenças como o mal da vaca
louca e a gripe asiática, que elevaram o preço das carnes.
Até então, a elevada participação das commodities na pauta de
exportações contribuiu para que
o país se beneficiasse desse movimento de valorização dos preços.
O problema é que a tendência,
agora, é que os efeitos desses movimentos sejam arrefecidos: a expansão chinesa deve ser freada, e
quebras de safras e doenças não
ocorrem, necessariamente, todos
os anos.
Com essa mudança esperada de
contexto, o que vem funcionando
como qualidade para o Brasil tende a virar defeito.
"Os produtos que exportamos,
ao contrário dos industrializados
que importamos, são muito sujeitos à volatilidade do mercado externo", diz Idione Meneghel, economista da consultoria Rosenberg & Associados.
Cálculo feito pela consultoria
revela que as commodities e outros produtos que delas dependem (como suco de laranja e óleo
de soja), chamados de "commoditizados", representam 61% da
pauta de exportações do país. E o
problema, segundo analistas, é
que avanços para diversificar a
pauta ocorrem de forma lenta.
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