São Paulo, domingo, 18 de abril de 2004

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AMEAÇA EMERGENTE

Saldo positivo da balança comercial melhora contas com o exterior, mas situação fiscal ainda preocupa

Superávit reduz vulnerabilidade externa

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Indicadores calculados pelo BC apontam uma queda na chamada vulnerabilidade externa do país, graças, em boa parte, aos resultados alcançados pela balança comercial nos últimos anos. Por outro lado, a fragilidade da situação fiscal do governo -vulnerabilidade interna- é tida, ainda hoje, como um dos aspectos mais preocupantes da economia brasileira.
Em geral, a vulnerabilidade externa de um país é identificada pela elevada necessidade de enviar dólares para o exterior -para o pagamento de dívidas ou para importar, por exemplo. É preciso que haja um correspondente ingresso de dólares a fim de compensar essas remessas.
Assim, num momento de crise, em que os investidores ficam mais cautelosos na hora de aplicar seus recursos, um país com essas características pode ter dificuldades em obter dinheiro suficiente para equilibrar suas contas.
Esse era o caso do Brasil, principalmente até 2001. Os elevados gastos com juros da dívida externa e o déficit na balança comercial faziam o país depender da entrada de grandes volumes de capital externo -em especial dos investimentos diretos estrangeiros.
No final de 2001, com o agravamento da crise argentina, o Brasil passou a ter dificuldades em obter recursos no exterior -situação que piorou com a proximidade das eleições presidenciais, em 2002. A queda no fluxo de capital estrangeiro provocou uma disparada do dólar.
Com o real desvalorizado, o preço em dólar dos produtos brasileiros sofreu forte queda, o que impulsionou as exportações.
Além disso, a estagnação da economia fez a procura por produtos importados diminuir. Logo, a balança comercial, que acumulava sucessivos resultados negativos, teve um superávit recorde de US$ 24,8 bilhões em 2003.
"Hoje o Brasil tem superávit em conta corrente. O país está muito menos frágil nesse aspecto", diz Alexandre Lintz, economista-chefe do BNP Paribas, ao se referir à conta que inclui o saldo da compra e venda de bens e serviços do Brasil com outros países. No ano passado, esse indicador ficou positivo pela primeira vez desde 92.
Se a estagnação da economia favorece as contas externas, por outro lado agrava o equilíbrio fiscal do governo. Num cenário de estagnação, é cada vez mais difícil para o governo arrecadar impostos para manter o ajuste fiscal -o governo se comprometeu a economizar, neste ano, o equivalente a 4,25% do PIB (Produto Interno Bruto) para pagar juros da dívida.


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