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IMPOSTO DE RENDA
Fisco constata que 31 mil informaram despesas médicas a mais e 29 mil omitiram rendimentos de aluguéis
Receita manda carta de "alerta" para 60 mil
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Receita Federal suspeita que
60 mil contribuintes possam estar
sonegando Imposto de Renda por
meio de dois expedientes: excesso
de abatimento de despesas médicas e falta de inclusão (ou inclusão
menor) de valores referentes ao
recebimento de aluguéis.
Por enquanto, é só uma suspeita, pois a Receita não tem certeza
absoluta de que possa haver sonegação. A suspeita recai sobre as
declarações entregues no ano passado, com os ganhos de 2002.
Se usados, os expedientes beneficiam o contribuinte em detrimento do fisco. O efeito é o mesmo: abater despesas médicas além
do efetivamente comprovado e/
ou deixar de informar rendimento de aluguel reduz o imposto a
pagar ou eleva a restituição.
Para "alertar" os contribuintes
sobre esses expedientes, a Receita
enviou as cartas. Foram quase 31
mil sobre despesas médicas e cerca de 29 mil sobre aluguéis.
Na carta sobre despesas médicas, a Receita diz que "tem-se deparado com o aumento significativo das infrações relacionadas
com a dedução indevida (...) de
gastos com saúde".
Na carta sobre operações imobiliárias, a Receita diz que, por meio
do cruzamento das informações
constantes da Dimob (a declaração sobre atividades imobiliárias)
com as prestadas pelos locadores,
"tem-se verificado, em muitas situações, a omissão desses rendimentos ou a declaração de valores
inferiores aos efetivamente recebidos a título de aluguéis".
A seguir, a mesma recomendação a todos os contribuintes: "Havendo qualquer divergência nas
informações declaradas nos últimos anos, as mesmas deverão ser
corrigidas mediante a entrega de
declaração retificadora e pagamento de eventuais diferenças de
imposto, se for o caso".
Ao final, o último "alerta" aos
eventuais faltosos: cobrança do
imposto devido, com juros e multa de ofício, variável de 75% a
150%, além das sanções criminais
pelo uso de documentos inidôneos ou de omissão de informações à administração tributária.
Medida inócua
A tributarista Elisabeth Libertuci, do escritório Libertuci Advogados, entende que o efeito das
cartas será inócuo, pois "o sonegador contumaz vai continuar
[sonegando] até o fim".
Para ela, o sonegador só pagará
quando for intimado pelo fisco.
Até lá, ele não tomará nenhuma
atitude, ou seja, não retificará a
declaração para corrigir o erro.
Por outro lado, a advogada avalia que o contribuinte que fez tudo
certo levou um susto. Para ela, a
atitude da Receita "é um desrespeito aos bons contribuintes".
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