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Real forte favorece o governo e as empresas endividadas em dólar
DA REPORTAGEM LOCAL
A valorização do real em relação ao dólar favorece as empresas
endividadas em moeda estrangeira. O impacto do câmbio sobre o
endividamento das empresas pode ser medido pelo estrago causado pela disparada do dólar, no
ano passado, sobre os balanços.
Segundo estudo da Economática com 153 empresas de capital
aberto, a participação da dívida
em moeda estrangeira no endividamento financeiro total saltou
de 69%, em 2000, para 72%, em
2002 (veja quadro ao lado).
"Quem tem dívida em moeda
estrangeira terá um ganho financeiro nos próximos balanços,
com o atual patamar do câmbio",
diz Einar Rivero, coordenador da
Economática.
É o caso da Petrobras, que teve
um reforço no seu lucro recorde,
de R$ 5,5 bilhões no primeiro trimestre, por conta de um recuo de
5% no câmbio naquele período.
O recuo do dólar causou um impacto positivo de R$ 627 milhões
no resultado da companhia, principalmente devido à redução de
suas dívidas em moeda estrangeira. Nos próximos meses, se o real
continuar valorizado, ela será beneficiada pela redução dos custos
de importação de petróleo.
O governo também ganha com
a alta do real, pois um terço da dívida mobiliária federal de R$ 600
bilhões está atrelada ao câmbio.
"Se o dólar cai, diminui o valor da
dívida em reais", diz Emílio Garófalo, ex-diretor do Banco Central.
Os bancos, que este ano captaram US$ 5 bilhões no exterior,
também se beneficiam da valorização do real. "A queda do dólar
ajuda a desenhar um cenário positivo para a economia, o que resulta em juros menores pagos
nessas captações", diz Jorge Simino, diretor da UAM (Unibanco
Asset Management). Os recursos
captados a cerca de 5% ao ano são
aplicados aqui a 26,5% ao ano.
(SANDRA BALBI)
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