São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EMERGENTES Modelo multiplicou por quatro as exportações na última década, mas é criticado por criar "competitividade artificial" Câmbio fixo impulsiona crescimento chinês
CLÁUDIA TREVISAN DE PEQUIM A China completou em 2004 dez anos de uma de suas mais polêmicas e bem-sucedidas medidas de política econômica: a manutenção de um câmbio fixo em relação à moeda norte-americana, com uma cotação que se mantém próxima a 8,28 yuans por dólar. Apontado por empresários e pelo governo dos Estados Unidos como um fator que aumenta a competitividade dos produtos chineses deslealmente, o câmbio fixo é defendido por especialistas da China como a explicação para a estabilidade da economia local. Para os EUA, o yuan está subvalorizado em relação ao dólar e deveria ser corrigido em um regime de livre flutuação. O câmbio fixo está relacionado com outro elemento da política econômica da China da última década, que é a grande acumulação de reservas em moeda estrangeira. No primeiro semestre, a China alcançou um volume de reservas de US$ 470 bilhões. Para manter o valor de sua moeda vinculado ao do dólar, o governo é obrigado a comprar grande parte dos dólares que entram em sua economia, o que acaba aumentando o volume de reservas. Comércio exterior Yao Yang, vice-diretor do Centro de Pesquisa Econômica da China, rebate a acusação dos norte-americanos de que o câmbio fixo aumentou artificialmente a competitividade dos produtos chineses. Segundo ele, o que ocorreu foi uma mudança na estrutura do comércio exterior. De acordo com o professor, a China começou a comprar mais matérias-primas dos países do sudeste asiático, com os quais passou a registrar déficit, ao mesmo tempo em que aumentou suas exportações para os Estados Unidos, parceiro com o qual tem superávit crescente. "O déficit dos Estados Unidos com a Ásia, incluindo a China, permaneceu estável nesse período", disse. O fato é que a China multiplicou suas exportações por quatro na última década. O valor saltou de US$ 104 bilhões em 1994 para US$ 438 bilhões no ano passado. Tanto o câmbio fixo quanto o grande volume de reservas em moeda estrangeira deram estabilidade à economia chinesa. Defensor A defesa do câmbio fixo na China ganhou nos últimos meses um adepto de peso, o economista Robert Mundell, ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1999. Em sua opinião, a apreciação do yuan teria conseqüências negativas sobre a economia chinesa e não reduziria o déficit comercial dos Estados Unidos. "A flutuação não é uma política que traz estabilidade monetária", afirmou Mundell. Texto Anterior: Baleia High-tech: Índia exporta tecnologia e vira pólo de terceirização de serviços Próximo Texto: Força do leste: Petróleo é o combustível da expansão russa Índice |
|