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Governo terá R$ 95 bi para comprar papéis
DO COORDENADOR DE
ECONOMIA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo dispõe de pelo menos R$ 95 bilhões até o final do
ano para resgatar títulos da dívida
pública. Os recursos serão usados
para enfrentar as turbulências.
Mas o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, disse
que não espera usá-los.
Entre janeiro e julho, o Tesouro
Nacional resgatou R$ 24,8 bilhões
em títulos públicos. Mas, a partir
de agora, Guardia avalia que a situação irá melhorar.
Além do novo acordo com o
FMI (Fundo Monetário Internacional) e da decisão do presidente
Fernando Henrique Cardoso de
convidar os principais presidenciáveis para uma conversa, outro
fator importante, segundo o secretário, foi a mudança nas regras
de marcação dos títulos públicos
para os fundos de pensão.
Na última quinta-feira, o Banco
Central adotou medidas para
conter a fuga de aplicações dos
fundos de investimento e corrigir
os preços dos títulos públicos no
mercado, que se depreciaram
muito nas últimas semanas.
A principal delas foi permitir
que os títulos com vencimento
em menos de um ano possam ser
registrados pelo seu valor de aquisição, o que diminui a volatilidade
(variação do preço) dos papéis.
Guardia disse que, com essa
medida, a fuga de recursos dos
fundos deve acabar, e os fundos
devem voltar a comprar títulos no
vencimento dos papéis que têm
atualmente.
No final do mês passado, a dívida mobiliária (em títulos) do governo ficou próxima de R$ 670 bilhões, considerada "administrável" por Guardia. Ele disse que os
recursos do Tesouro para resgate
de dívida aumentaram de R$ 53
bilhões para R$ 70 bilhões nos últimos dois meses. Até dezembro,
esses recursos receberão reforço
de mais R$ 25 bilhões. Com isso,
devem chegar a R$ 95 bilhões.
Chamados de "colchão de liquidez" pelos técnicos, esses recursos
foram obtidos mensalmente por
meio dos superávits primários
(receita menos despesa, exceto os
gastos com juros) e pelo pagamento de empréstimos concedidos pelo Tesouro. Os R$ 25 bilhões virão dessas fontes de receita nos próximos meses
Além desses recursos, FHC autorizou na sexta o Tesouro Nacional a utilizar parte dos recursos
em caixa para resgatar títulos do
governo. São R$ 10 bilhões, dos
quais até R$ 6,5 bilhões poderão
ser emprestados ao BNDES e o
restante usado para compra de
papéis do governo.
Esses recursos representam a
disponibilidade do caixa do Tesouro em 31 de dezembro de 2001,
descontadas a parcela de restos a
pagar e os valores com vinculação
constitucional e da área social.
(VIVALDO DE SOUSA E FLÁVIA SANCHES)
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