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OUTRO LADO
Força Sindical defende comissões e diz que investigará irregularidade
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Força Sindical,
Paulo Pereira da Silva, nega que a
central esteja usando as comissões de conciliação para arrecadar
recursos. Diz que vai investigar
quem está usando o nome da Força para cobrar até 20% do valor
dos acordos na conciliação.
A denúncia foi feita à Folha por
um empresário do Nordeste, que
recebeu proposta para montar
uma comissão no Rio Grande do
Norte. O lucro viria do percentual
e de uma taxa de R$ 140 cobrada
-com ou sem acordo- por audiência conciliatória.
O vice-presidente da Força no
Nordeste, Geraldino dos Santos
Silva, confirma que há estudos
para implementação de núcleos
na região, mas negou a proposta
de cobrança de taxas. "Estamos
procurando os empresários."
A Folha apurou que no Nordeste já existe uma comissão de conciliação ligada ao sindicato de trabalhadores da construção do Rio
Grande do Norte, filiado à Força.
"A comissão não é nossa. O sindicato tem autonomia, apesar de ser
filiado à Força", diz Silva.
Segundo Paulinho, as CCPs ligadas à central cobram preço fixo
de R$ 150 nas conciliações e não
estão autorizadas a descontar valor nenhum do trabalhador. "Se
houve algum sindicato filiado à
Força que fez isso, será punido.
Vamos acionar a polícia. Mas não
vamos desistir das comissões."
A onda de denúncias, segundo
ele, é reflexo de uma atitude corporativista de "quem lucra em cima do trabalhador". "Essas entidades têm interesses em defender
a continuidade da cobrança de
honorários de até 30%", afirma.
Paulinho diz que o valor fixo cobrado pelas comissões é mais barato para a empresa. "Se a empresa entrar na Justiça, terá de custear advogado durante dez anos,
além de pagar a indenização do
trabalhador."
O presidente da Força diz que
defende as CCPs porque é a favor
de resolução mais rápida dos conflitos trabalhistas, sem precisar da
Justiça. "O que está existindo é
um lobby dos advogados trabalhistas para acabar com as comissões, porque eles estão perdendo
dinheiro. Cobramos taxa, mas das
empresas. A Justiça também cobra", afirma.
"Falta moralizar"
A Força Sindical, diz, está empenhada em orientar os profissionais que estão envolvidos com as
CCPs para que atuem como manda a lei. "Vamos tentar ver quem
atua de forma irregular para tentar corrigir. Não é possível desmoralizar uma coisa que é boa."
Ramiro de Jesus Pinto, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, informa que, de
87 a 90 , o seu sindicato chegou a
abrir 600 ações trabalhistas por
mês. Em 94 e 95, esse número caiu
para 300 por mês e, atualmente,
está em torno de 100 a 150 por
mês. A queda se deve, em parte,
ao surgimento das CCPs. "A CCP
é uma coisa boa, pois ajuda o trabalhador a fugir da Justiça. O que
é preciso é moralizá-la."
No Sindicato dos Metalúrgicos
de São Paulo, a CCP foi formada
em abril de 2000. No mês passado,
recebeu 725 reclamações de trabalhadores, e 630 resultaram em
acordos.
(FF e CR)
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