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Indústria já tem carro a álcool e a gasolina pronto
DA REPORTAGEM LOCAL
O início da produção em massa
do automóvel flexível no Brasil
deve ocorrer dentro de um ou
dois anos após a autorização do
governo, caso isso de fato ocorra.
A estimativa é do diretor de sistemas de injeção da Bosch, Besaliel Botelho, para quem várias
modificações precisam ser feitas
no processo industrial das montadoras para permitir que o novo
automóvel chegue às concessionárias. Entre as mudanças necessárias estão a proteção de componentes do motor contra a corrosão pelo álcool.
"A fabricação do automóvel flexível não se dará do dia para a noite. Exige muitos preparativos",
diz Botelho. Outro fator que impede a entrada imediata do novo
motor no mercado são as fases de
sua homologação pela Cetesb
(Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). O equipamento precisa estar dentro dos
padrões brasileiros de proteção
do meio ambiente.
Durabilidade e conforto são outras características de que o novo
automóvel precisa, incluindo capacidade de rodar pelo menos 80
mil quilômetros sem explosões
bruscas no motor.
Tecnologia
A Bosch é a indústria pioneira
em tecnologia do automóvel flexível no Brasil. A filial da multinacional alemã iniciou os estudos
em 1992, com engenheiros brasileiros, e apresentou dois anos depois seu primeiro protótipo, um
Ômega.
"Foi um projeto totalmente nacional, com orientação da matriz", afirma Botelho. Na época
não houve repercussão positiva
por parte do governo. A Bosch
prosseguiu, no entanto, com os
testes, compartilhando os estudos
com General Motors, Volkswagen, Ford e Fiat. Atualmente, a
empresa trabalha com um protótipo de motor flexível do modelo
Vectra, da GM.
O motor flexível trabalha com
qualquer percentual de mistura
de gasolina e álcool graças a um
sensor instalado na linha de combustível do carro. O grau de explosão da mistura, a ignição, injeção eletrônica e controle de ar são
adaptados automaticamente.
A Bosch investiu cerca de R$ 2
milhões no desenvolvimento da
tecnologia. Já a Magneti Marelli
iniciou há quatro anos as pesquisas para o automóvel flexível no
país. Apesar de pertencer ao grupo Fiat, a empresa apresentou os
resultados de suas pesquisas à
maioria das montadoras no Brasil. Até agora, nenhuma anunciou
publicamente a intenção de adotar de fato o motor. Elas aguardam negociações com o governo.
O grupo francês PSA, que atua
no Brasil com suas montadoras
Peugeot e Citroën, é um dos poucos fabricantes de veículos que
afirma não estar interessado em
produzir o automóvel flexível no
país. "Estamos no Brasil há pouco
mais de um ano e ainda não temos escala para investir nessa tecnologia por aqui", afirma Rodrigo
Junqueira, diretor de relações corporativas do conglomerado.
(LV)
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