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CAPITAL
Três grandes negócios tiveram um estrangeiro como vendedor; para especialistas, porém, não há fuga de investidores
Fusões e aquisições crescem 35% no Brasil
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os capital está se recompondo
no país. O total de fusões e aquisições de empresas cresceu 35% no
primeiro trimestre do ano, segundo dados da KPMG. Em apenas
quatro grandes negócios realizados, US$ 3,38 bilhões em ativos
trocaram de mãos, até a semana
passada, quando o holandês ABN
Amro anunciou a compra do
banco Sudameris, controlado pela Banca Intesa, italiana.
Na semana anterior, fora a vez
da BCP, operadora de telefonia
celular de São Paulo, ser entregue
aos bancos credores pela sua controladora, a Bell South, dos EUA.
Outros dois grandes movimentos ocorreram em janeiro, com a
compra do espanhol BBV banco
pelo Bradesco e da TCO, operadora de telefonia móvel de capital
nacional, pela BrasilCel (holding
da Telesp Celular e da Telefônica
Celular).
Ainda que em três desses quatro
negócios estivesse um estrangeiro
no lado vendedor, especialistas
ouvidos pela Folha dizem que
não há fuga de investidores estrangeiros do país. "Está ocorrendo uma recomposição patrimonial, acompanhando a tendência
do capital internacional de estar
sempre se movimentando", diz
Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas
Transnacionais e da Globalização
Econômica).
No ano passado, segundo levantamento da LatinTrade, US$ 10,9
bilhões foram movimentados em
operações de fusões e aquisições
de empresas no país. Dos 32 negócios realizados, a grande maioria envolveu vendedores e compradores locais. "É um movimento de busca de oportunidades",
diz André Castelo Branco, sócio
da KPMG Corporate Finance.
"Apenas nos negócios realizados no setor financeiro predominou a venda de controle ou participação por parte de estrangeiros,
mas trata-se de bancos que tinham problemas", diz Castelo
Branco.
Dados do Banco Central mostram que o fluxo de investimentos
para participação no capital de
empresas locais continua positivo
neste ano. Em janeiro e fevereiro
(últimos dados disponíveis), entrou US$ 1,278 bilhão em recursos
de estrangeiros, para uma saída
de US$ 149 milhões de investimentos diretos no capital de empresas.
Segundo Paulo Albuquerque,
presidente do comitê econômico
da Amcham (Câmara Americana
de Comercio), "há poucas empresas estrangeiras deixando o país".
No mundo todo, diz ele, está
acontecendo um redirecionamento de capitais com o dinheiro
migrando para a Ásia, especialmente a China. "O Brasil, que era
o quinto no ranking dos investimentos diretos, caiu para o 13º lugar", acrescenta.
Força doméstica
Segundo levantamento da
KPMG, ocorreram 58 fusões e
aquisições de empresas no primeiro trimestre deste ano, contra
43 em igual período do ano passado. "Predominaram as transações
domésticas", diz Castelo Branco.
Os setores onde ocorreu a maior
movimentação nesse período foram o financeiro, o de alimentos,
o de bebidas e fumo, o de tecnologia da informação e o de telecomunicações.
As instituições financeiras lideram a movimentação com sete
negócios realizados neste ano e
seis grandes operações no ano
passado. Bancos de investimento
e de varejo de capital estrangeiro
foram comprados por instituições locais depois de sofrerem
perdas no país.
No setor de alimentos, onde
ocorreram cinco fusões e aquisições neste ano, a tendência é de
entrada de capital estrangeiro, segundo Daniel Pasquale, analista
da Fator Doria Atherino. Exemplo disso, segundo ele, foi o arrendamento com opção de compra,
no início deste mês, do frigorífico
Chapecó pelo grupo francês Louis
Dreyfus. Foi a saída encontrada
para a crise financeira da empresa
que era controlada pelo grupo argentino Macri.
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