São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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Ex-FMI afirma que o pior da crise ainda está por vir

Para Rogoff, problema ainda está no meio do caminho e grande banco deve quebrar

Para ex-economista-chefe do Fundo, BC dos EUA errou ao cortar taxa de juros "dramaticamente" e medida aumentará a inflação

DA REDAÇÃO

O pior da crise global financeira ainda está por vir e um dos grandes bancos americanos deve quebrar nos próximos meses, com o recrudescimento da crise nos EUA, segundo Kenneth Rogoff, ex-economista-chefe do FMI. "Eu acredito que a crise financeira está, talvez, no meio do caminho. Eu chegaria até o dizer que o "pior ainda está por vir"."
"Nós não veremos apenas bancos de médio porte afundando nos próximos meses, veremos um gigante, um dos grandes bancos de investimentos ou dos grandes bancos", afirmou Rogoff em evento em Cingapura. "A exemplo de qualquer setor em retração, vamos assistir à retirada de alguns participantes de peso desse mercado", sem citar as instituições que poderão quebrar .
Segundo ele, que é professor na Universidade Harvard e trabalhou como economista-chefe do Fundo de 2001 a 2004, haverá muito mais consolidação no setor financeiro antes do final da crise. Em março, o JPMorgan Chase adquiriu o banco de investimento Bear Stearns, em uma operação de resgate comandada pelo Fed (o banco central norte-americano).
Rogoff disse ainda que os fundos soberanos (fundos de investimento estatais) que investiram bilhões de dólares nos últimos meses em grandes bancos americanos podem não conseguir grandes lucros com a aplicação. Segundo o economista, eles não levaram as condições de mercado que essa indústria enfrenta. Os dois fundos do governo de Cingapura, o GIC e o Temasek, fizeram investimentos bilionários no Merrill Lynch e no Citigroup.
O ex-dirigente do FMI criticou a decisão do Fed de cortar os juros em 3,25 pontos percentuais, para 2%, entre setembro de 2007 e abril deste ano. Para ele, o BC dos EUA errou ao reduzir a taxa "dramaticamente", o que levará a "muita inflação nos próximos anos".
Já Ethan Harris, economista-chefe para os EUA do Lehman Brothers, afirmou que a inflação nos EUA vai baixar "bem drasticamente"" no ano que vem devido à desaceleração da economia e à queda dos custos com combustíveis.
"No ano que vem vamos ter uma inflação extremamente baixa", disse Harris, autor de um livro sobre Ben Bernanke, o atual presidente do Fed.


Com agências internacionais

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