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VarigLog fez remessa para evitar bloqueio
Companhia remeteu US$ 85 mi à Suíça a fim de impedir bloqueio judicial para pagamento de dívidas da Varig, dizem sócios brasileiros
Fundo Matlin Patterson
nega que soubesse do envio
do dinheiro e afirma que
transferência foi tentativa
de desvio de recursos
MARINA GAZZONI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A VarigLog enviou US$ 85
milhões a uma conta no banco
suíço Lloyds no dia 24 de maio
de 2007 para evitar bloqueios
judiciais dos recursos para o
pagamento de débitos da Varig.
A informação está na defesa
dos advogados dos sócios brasileiros da VarigLog (Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e
Luiz Eduardo Gallo) no processo de dissolução societária que
movem contra seu sócio, o fundo norte-americano Matlin
Patterson, na 17ª Vara Cível de
São Paulo. Na época da transferência, a empresa era administrada pelos sócios brasileiros.
Segundo o advogado dos brasileiros, Marcello Panella, eles
decidiram, com o Matlin, transferir o dinheiro referente a uma
parcela do valor recebido pela
venda da Varig para a Gol após
a penhora judicial de recursos
da VarigLog para pagar a credores da velha Varig. A transferência dos recursos foi a medida utilizada para evitar novas
cobranças e garantir caixa para
a empresa, disse.
O Matlin nega que soubesse
do envio do dinheiro da Va-
rigLog para o exterior. Segundo
o fundo, a transferência foi uma
tentativa de desvio de recursos
pelos sócios brasileiros.
Na época, o Matlin defendeu
que os recursos obtidos com a
venda da Varig fossem usados
para pagar pelos empréstimos
que o fundo fez à Varig e à Va-
rigLog por meio de contratos
de mútuos. Já os brasileiros dizem que esses contratos só deveriam ser cobrados em 2011.
A VarigLog arrematou a Varig em leilão no dia 20 de julho
de 2006 por US$ 24 milhões. A
companhia de transporte de
cargas vendeu a Varig à Gol no
dia 28 de março do ano passado
por US$ 320 milhões.
Caminho do dinheiro
Antes de chegar à Suíça, os
valores passaram por outras
duas contas em nome da Va-
rigLog no exterior, conforme
extratos bancários obtidos pela
Folha. A VarigLog recebeu R$
138,2 milhões em uma conta no
Bradesco no dia 12 de abril de
2007 pelo pagamento de uma
parcela da venda da Varig à Gol.
No mesmo dia, US$ 92,3 milhões foram transferidos para o
Bank of America, em Miami.
Dois dias depois, a mesma
quantia foi enviada a uma conta
no Itaú BBA em Nassau, capital
das Bahamas. A última transferência foi para o banco Lloyds,
na Suíça -US$ 85 milhões.
O Matlin acusa os brasileiros
de desviarem a diferença entre
os recursos transferidos em
contas no exterior. Já os brasileiros afirmam que US$ 2 milhões foram usados na compra
de uma aeronave Airbus, e US$
5,5 milhões, gastos em despesas operacionais.
Segundo Panella, todas as
movimentações são legais e foram registradas no Banco Central. Questionado sobre por que
o dinheiro foi movimentado
em três contas estrangeiras,
Panella explica que foi para dificultar o resgate em caso de penhora judicial on-line.
"Supondo que o dinheiro tenha saído do Brasil e ido para
Miami. Se qualquer sindicato
fosse em cima do Banco Central para saber onde está o dinheiro, e ele dissesse que está
em Miami, o sindicato poderia
buscar o bloqueio disso na conta de Miami. Se você passar por
alguns lugares, fica mais difícil
fazer a penhora sobre esses recursos. É uma forma de criar
barreiras para a penhora on-line", afirmou.
Dinheiro bloqueado
Por decisão do juiz José Paulo Magano, da 17ª Vara Cível de
São Paulo, os US$ 85 milhões
que estão na conta da Suíça da
VarigLog estão bloqueados. O
juiz determinou que os recursos sejam utilizados apenas para recuperar a VarigLog, e não
para pagar pelos empréstimos
concedidos pelo fundo à empresa em contratos de mútuo.
Para utilizar os recursos, o
Matlin, atual controlador da
VarigLog, precisa pedir a autorização de um Comitê de Fiscalização nomeado pelo juiz.
O fundo recorreu da decisão
do juiz no Tribunal de Justiça,
visando obter a livre gestão dos
recursos. Os desembargadores
votaram pela manutenção da
decisão nesta semana.
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