|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PÓS-GUERRA
Usaid, agência dos Estados Unidos para desenvolvimento, diz que contratos mais importantes serão de americanas
EUA já "vendem" a reconstrução do Iraque
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi dada a largada para o início
do projeto de reconstrução do
Iraque no pós-guerra. As empresas norte-americanas serão as
grandes beneficiadas nesse processo. Paralelamente, ganham
força as discussões sobre quem
dominará a indústria de petróleo
do Iraque no pós-guerra.
Contratos milionários para a recuperação de poços de petróleo,
estradas, redes de infra-estrutura,
administração de escolas, portos e
aeroportos já começaram a ser
distribuídos pela Usaid (agência
dos Estados Unidos para o desenvolvimento internacional).
Até agora, a Usaid já fechou três
contratos. O primeiro deles foi assinado no fim de fevereiro com o
International Resources Group
por US$ 7,1 milhões. O grupo norte-americano prestará consultoria aos funcionários da Usaid no
Iraque depois da guerra.
Na última sexta-feira, foram assinados mais dois contratos, para
a administração de aeroportos e
portos iraquianos. Os nomes das
empresas, que também são norte-americanas, deverão ser anunciados amanhã, em Washington.
O governo norte-americano
não divulga o valor total dos contratos que serão fechados com a
iniciativa privada, mas, segundo o
jornal "The Wall Street Journal", a
Usaid teria contratos no valor de
US$ 1,5 bilhão para distribuir. A
informação constaria de um documento que traça os planos para
o pós-guerra ao qual o jornal teria
conseguido acesso.
Outros detalhes do suposto documento indicariam que, ao contrário do que ocorre historicamente, agências da ONU e outras
organizações multilaterais deverão ter papel reduzido nas atividades de reconstrução do Iraque.
Segundo Alfonso Aguilar, porta-voz da Usaid, não é verdadeira
a informação de que organizações
multilaterais e ONGs serão alijadas do processo. Mas ele admite
que os oito importantes contratos
para reconstrução ficarão com as
empresas norte-americanas. A
explicação: os encarregados das
atividades que estão sendo licitadas precisarão lidar com informação confidencial.
O governo dos EUA já havia
anunciado há duas semanas que
usará um plano da Kellogg Brow
& Root, do setor de infra-estrutura e energia, para controlar incêndios em campos de petróleo. A
empresa é subsidiária da Halliburton Co., que foi presidida pelo
vice-presidente dos EUA, Dick
Cheney, até 2000.
Analistas não cansam de apontar as possíveis "relações perigosas" entre o governo Bush e a indústria de petróleo norte-americana. Além de Cheney, também
trabalharam para empresas do setor: o próprio presidente Bush,
sua conselheira para assuntos de
Segurança Nacional, Condoleezza
Rice, o secretário de Comércio,
Donald Evans, e o secretário do
Exército, Thomas White.
A pergunta que ronda o mercado agora é se essa proximidade
combinada com a crescente dependência que a economia americana tem do petróleo importado
influenciarão a divisão da indústria iraquiana no pós-guerra.
Para Michael Renner, pesquisados do WorldWatch Institute, um
novo regime em Bagdá, sob os
auspícios dos EUA, tende a abrir
espaço para que as grandes multinacionais -principalmente norte-americanas e britânicas-voltem a dominar o Oriente Médio.
(ÉRICA FRAGA)
Texto Anterior: Público e privado: Começa lobby para contratos no Iraque Próximo Texto: Livre comércio: Guerra fica fora da negociação comercial Índice
|