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Teixeira admite contrato de até US$ 5 mi com VarigLog
Antes, advogado da empresa afirmara que havia recebido apenas US$ 350 mil
Agora, ele diz que valor é referente a 22 meses de serviços em mais de 300 processos, e não só para atuar na venda da empresa
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O advogado Roberto Teixeira, compadre do presidente Lula, disse ontem, por meio de sua
assessoria, que pode chegar a
US$ 5 milhões o valor total de
seus contratos com a VarigLog,
entre honorários, custas judiciais e outras despesas. Segundo ele, a quantia se refere a um
ano e dez meses de serviços em
mais de 300 processos, e não
apenas a sua atuação na venda
da companhia, em 2006, para o
fundo americano Matlin Patterson e três sócios brasileiros.
O negócio foi posto sob suspeita pela ex-diretora da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) Denise Abreu, que denunciou ter sido pressionada
pela Casa Civil para não exigir
documentos que pudessem revelar que o sócio estrangeiro
era o real controlador da companhia, o que fere a lei.
Um dos sócios brasileiros,
Marco Antonio Audi, disse que
Teixeira recebeu US$ 5 milhões "para resolver" o problema. Teixeira negou ter usado
sua influência e disse que o valor recebido era "bem menor",
sem falar em números.
A assessoria do advogado informou que ele não voltou atrás
em suas declarações e deu uma
explicação semântica. Teixeira
disse que desmentiu Audi porque este afirmou ter pago os
US$ 5 milhões "do contrato até
a aprovação" da venda da VarigLog, período de quatro meses,
entre março e junho de 2006.
Segundo ele, os pagamentos
que, somados, se aproximam
dessa quantia aconteceram de
março daquele ano a janeiro
deste ano. "A totalidade da remuneração jamais foi objeto de
questionamento", diz nota do
escritório Teixeira, Martins
Advogados em resposta à reportagem do jornal "O Estado
de S. Paulo" publicada ontem.
A mesma explicação foi usada em relação à declaração dada por Teixeira na quarta-feira
passada no Senado, quando
disse ter recebido US$ 350 mil
da VarigLog. A quantia, sustenta ele, é o valor exato recebido
naqueles quatro meses (março
a junho de 2006).
Ainda na quarta-feira, em entrevista à Folha, questionado
sobre o valor total pago pelos
serviços prestados à VarigLog,
Teixeira disse ser "menos" que
os US$ 5 milhões, mas se recusou a falar em valores. A Folha
voltou a pedir ontem o valor
exato pago ao escritório, mas
não recebeu resposta.
Planilhas publicadas ontem
pelo jornal "O Estado de S.
Paulo" mostram pagamentos
de US$ 3,26 milhões feitos à
Teixeira, Martins e Advogados,
entre eles o de uma taxa de sucesso de US$ 750 mil paga assim que a Varig, adquirida pela
VarigLog, conseguiu autorização da Anac para voar.
Os pagamentos, segundo a
planilha, foram feitos por sete
empresas pertencentes aos sócios da VarigLog: VRG Linhas
Aéreas, VBP do Brasil, Volo do
Brasil, Varig Logística, Volo
Logistics, Matlin Patterson
USA e Matlin Patterson LA.
"Não precisava mentir"
Audi disse ontem que pode
ter cometido um "erro cronológico" em alguma declaração,
mas que em diversas entrevistas dadas nas duas últimas semanas afirmou que se referia a
pagamentos feitos até 2008.
"Tenho falado semanalmente
que esses valores eram de 2006
para cá. Teixeira vai se enforcar
na própria corda; ele não precisava ter mentido."
Audi, afastado do comando
da VarigLog pela Justiça, disse
ainda não saber o valor exato
pago a Teixeira, mas que ultrapassam os US$ 5 milhões. "Nos
valores de dólares de hoje, passou de US$ 5 milhões. Não tem
jeito, está lá no SAP (sistema de
gestão) da empresa."
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