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Após 7 h sem avanços, OMC muda esquema
DE GENEBRA
Diante do impasse que dominou a reunião de ontem,
que durou sete horas e não
produziu nenhum sinal de
avanço, o diretor-geral da
OMC, Pascal Lamy, decidiu
mudar o formato das negociações. Lamy suspendeu o
encontro no "salão verde",
onde pouco mais de 30 ministros se reuniram na segunda e na terça, e anunciou
que hoje as discussões serão
em grupos menores.
A intenção é reunir os países que realmente podem
destravar o processo, disse à
Folha uma fonte da OMC.
Entre eles, estarão Brasil, Índia, China, EUA, União Européia, África do Sul e Japão.
Ao sair do encontro, o principal negociador brasileiro,
Roberto Azevedo, confirmou
a impressão geral. "Estamos
no mesmo ponto."
Ponto baixo
Segundo diplomatas presentes, houve "discussões
acaloradas" durante a longa
reunião, que foi aberta com o
anúncio da nova proposta
americana. Um dos sinais
preocupantes apontados por
alguns negociadores em relação às chances da reunião foi
a resistência de alguns emergentes à proposta de cortes
de tarifas industriais.
"Um dos pontos baixos da
reunião foram as intervenções que puseram em dúvida
o texto sobre bens industriais", disse o comissário europeu de Comércio, Peter
Mandelson. Horas antes,
Néstor Stancanelli, um dos
principais negociadores da
Argentina na OMC, confirmou à Folha que seu país
não aceitava a proposta de
cortes tarifários para a indústria dos emergentes.
Mandelson, que no dia anterior fez uma proposta de
corte nas tarifas de importação agrícola da UE que o Brasil classificou de mera "propaganda", disse que é hora
de deixar a agricultura para
trás e avançar na negociação
industrial. Ao saber disso, o
chanceler Amorim reagiu
com ironia. "Estamos acostumados com as tentativas
de mudar o foco", disse o
chanceler. "Mas o motor da
Rodada Doha sempre foi e
será a agricultura."
Além da mudança de formato, outra novidade será a
chegada do ministro de Comércio e Indústria da Índia,
Kamal Nath. Representante
de um país-chave nas negociações, ele esteve ausente
nos dois primeiros dias de
discussões porque foi obrigado a acompanhar a votação de uma moção de desconfiança contra o seu governo. Como a moção foi
derrubada ontem no Parlamento indiano, Nath chega
hoje a Genebra.
"Com a renovação do
mandato do governo, o ministro terá mais liberdade
para negociar", disse Ujal
Singh Bhatia, embaixador da
Índia na OMC.
(MN)
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