São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Após 7 h sem avanços, OMC muda esquema

DE GENEBRA

Diante do impasse que dominou a reunião de ontem, que durou sete horas e não produziu nenhum sinal de avanço, o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, decidiu mudar o formato das negociações. Lamy suspendeu o encontro no "salão verde", onde pouco mais de 30 ministros se reuniram na segunda e na terça, e anunciou que hoje as discussões serão em grupos menores.
A intenção é reunir os países que realmente podem destravar o processo, disse à Folha uma fonte da OMC. Entre eles, estarão Brasil, Índia, China, EUA, União Européia, África do Sul e Japão. Ao sair do encontro, o principal negociador brasileiro, Roberto Azevedo, confirmou a impressão geral. "Estamos no mesmo ponto."

Ponto baixo
Segundo diplomatas presentes, houve "discussões acaloradas" durante a longa reunião, que foi aberta com o anúncio da nova proposta americana. Um dos sinais preocupantes apontados por alguns negociadores em relação às chances da reunião foi a resistência de alguns emergentes à proposta de cortes de tarifas industriais.
"Um dos pontos baixos da reunião foram as intervenções que puseram em dúvida o texto sobre bens industriais", disse o comissário europeu de Comércio, Peter Mandelson. Horas antes, Néstor Stancanelli, um dos principais negociadores da Argentina na OMC, confirmou à Folha que seu país não aceitava a proposta de cortes tarifários para a indústria dos emergentes.
Mandelson, que no dia anterior fez uma proposta de corte nas tarifas de importação agrícola da UE que o Brasil classificou de mera "propaganda", disse que é hora de deixar a agricultura para trás e avançar na negociação industrial. Ao saber disso, o chanceler Amorim reagiu com ironia. "Estamos acostumados com as tentativas de mudar o foco", disse o chanceler. "Mas o motor da Rodada Doha sempre foi e será a agricultura."
Além da mudança de formato, outra novidade será a chegada do ministro de Comércio e Indústria da Índia, Kamal Nath. Representante de um país-chave nas negociações, ele esteve ausente nos dois primeiros dias de discussões porque foi obrigado a acompanhar a votação de uma moção de desconfiança contra o seu governo. Como a moção foi derrubada ontem no Parlamento indiano, Nath chega hoje a Genebra.
"Com a renovação do mandato do governo, o ministro terá mais liberdade para negociar", disse Ujal Singh Bhatia, embaixador da Índia na OMC. (MN)


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