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ENERGIA
Águas do rio Grande geram 31% da eletricidade do Sudeste e Centro-Oeste
Reservatórios têm níveis do apagão
AFRA BALAZINA
FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO
JOEL SILVA
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Os níveis dos quatro reservatórios de usinas hidrelétricas instalados no rio Grande (divisa entre
os Estados de SP e MG) e que respondem por 31% do fornecimento de energia elétrica das regiões
Sudeste e Centro-Oeste estão baixos, dois deles com índices próximos aos verificados na época do
apagão registrado em 2001.
Em situação mais crítica estão o
de Água Vermelha e o de Marimbondo. O primeiro, responsável
pelo abastecimento de 2,6% das
duas regiões, atingiu um índice de
7,27% na semana passada, o mais
baixo desde o racionamento de
2001, quando chegou a 5,05%.
O reservatório de Marimbondo,
que abastece 3,1% das regiões,
atingiu 8,47% de sua capacidade
na quinta-feira passada. Durante
o apagão de 2001, o nível do reservatório chegou a 3,83%.
O maior dos reservatórios, o de
Furnas, que fornece energia para
21,5% das regiões, está com
55,88% de sua capacidade e não
preocupa, segundo o engenheiro
Wildes de Souza Carvalho, 52, do
ONS (Operador Nacional do Sistema). Ele diz que o reservatório
atinge, mesmo com esse nível, um
nível razoável de produtividade.
O único dos quatro reservatórios que está próximo de sua capacidade ideal é o de Mascarenhas de Morais (96,9%), responsável pelo abastecimento de 2,7%
do Sudeste e Centro-Oeste.
De acordo com a usina de Furnas, a maior parte do rio está seis
metros abaixo do nível normal.
Para o ONS, a situação está dentro
do esperado e não haverá problemas de abastecimento em 2003.
"O problema é que, com o nível
baixo de água, a energia armazenada no sistema fica reduzida.
Por isso, fazemos um planejamento e mantemos estoques para
aguentar até o fim de novembro,
quando as chuvas começam."
Para ele, o problema tende a diminuir ainda neste ano. "O que
garante o funcionamento do sistema são os níveis da região como
um todo. Como as chuvas começam a partir do próximo mês, a
tendência é que os reservatórios
ganhem mais capacidade e, até
abril de 2004, possam estar com
quase 100% da capacidade."
Quem reclama são os pescadores. Maurício Ferreira, 46, que trabalha na região de Guaraci (476
km de São Paulo), disse que nunca tinha visto o rio tão baixo nos
15 anos que frequenta o local. Segundo ele, com a piracema, os
pescadores só podem pescar com
anzol na margem do rio, mas,
com o nível baixo, os peixes procuram lugares mais fundos.
Ele disse ainda que hoje pesca
30% a menos do que o normal.
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