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SISTEMA FINANCEIRO
Custos operacionais diminuíram nos últimos três anos, mas ainda estão longe de padrões internacionais
Banco local melhora, mas ainda é ineficiente
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes bancos brasileiros
conseguiram se tornar mais eficientes nos últimos três anos, mas
ainda estão longe de atingir padrões internacionais.
Nesse período, os custos operacionais passaram de 7,1% sobre o
total de ativos para 6,2%. Quanto
menor esse índice, maior a eficiência na gestão bancária -o
que ajuda a encorpar os lucros.
Segundo pesquisa da EFC (Engenheiros Financeiros e Consultores), o custo de gerenciamento
dos dez maiores bancos brasileiros é três vezes superior ao dos
grandes europeus e quase duas
vezes o dos americanos. Nos EUA
o custo operacional dos grandes
bancos em relação aos ativos é de
3,85%, e na Europa, de 2,01%.
Carlos Daniel Coradi, presidente da EFC, diz que a diferença entre os índices de eficiência local e
internacionais é determinada,
principalmente, pelo volume de
ativos. "Os bancos locais são pequenos diante dos americanos e
europeus e, para melhorar esse
indicador, precisam ganhar escala", afirma Coradi.
Guinada
Para tentar alcançar o padrão
internacional, o setor prepara
uma guinada para expandir sua
base de ativos. Os ativos dos 50
maiores bancos são compostos
por R$ 310 bilhões aplicados em
títulos e valores mobiliários e R$
292,7 bilhões da carteira de crédito, segundo o Banco Central.
Com o processo de queda da taxa básica de juros da economia, a
tendência é os bancos reduzirem
as carteiras de títulos e expandirem as de crédito. Segundo analistas, os grandes bancos projetam
aumentar entre 20% e 25% suas
operações de crédito em 2004.
"Ao agregar maior volume de
tomadores de recursos às suas
carteiras, os bancos ganham escala e diluem seus custos fixos", diz
Alberto Borges Matias, presidente
da ABM Consulting.
Neste ano, os grandes bancos
iniciaram um processo de aquisição de financeiras voltadas ao crédito popular, preparando-se para
ganhar escala pela via do crédito.
O Bradesco comprou, em maio,
a Finasa e, neste mês, adquiriu o
banco Zogbi, saltando para o segundo lugar no ranking das financeiras. Em outubro, o HSBC
comprou a Losango, e o Unibanco, líder com a Fininvest, comprou a Creditec na semana passada. "Para ganhar escala, é inescapável abordar o segmento de baixa renda por meio do crédito ao
consumidor", diz Joaquim Francisco de Castro Neto, presidente
da área de varejo do Unibanco.
Para manter os lucros do setor,
vale a aposta no crédito ao consumidor: o "spread" nesse segmento é de 52,13%, segundo o BC. Nos
empréstimos às empresas, o
"spread" é de 14,34%. "Spread" é
a diferença entre o que os bancos
pagam para captar dinheiro e o
que cobram para emprestar.
A lógica dos ganhos de escala foi
perseguida nos últimos anos pelos grandes conglomerados financeiros, com a compra de outros bancos. Isso permitiu às instituições inflar os ativos, mas elevou os custos operacionais.
A ABM Consulting analisou os
balanços dos dez maiores bancos
do país e concluiu que o Bradesco
elevou em 50,5% seus ativos entre
2000 e 2002. Mas o maior banco
privado do país não reduziu custos administrativos e de pessoal.
Pelo contrário: os custos administrativos cresceram 88,5%, e os
gastos com pessoal, 31%. Seu ganho de eficiência -o índice caiu
de 6,4% em 2000 para 5,7% em
2002- ocorreu pela diluição dos
custos num ativo maior.
O Banespa fez o caminho inverso: cortou pela metade os custos
de pessoal e manteve praticamente o mesmo volume de ativos e
obteve a melhor evolução no índice de eficiência pesquisado pela
EFC. Seus custos operacionais,
que em 2000 equivaliam a 10% do
total de ativos, chegaram a 6,9%
no final de 2002.
Segundo Carlos Alberto Gatti,
sócio da consultoria KPMG, a
partir do ano que vem o setor deve buscar reduzir seus custos operacionais, para melhorar seu índice de eficiência. Na sua opinião, os
bancos podem terceirizar serviços, aglutinar funções para servir
várias áreas e investir mais na informatização dos serviços internos, o chamado "backoffice".
"Os próximos dois anos serão
importantes em termos de mudança da estrutura dos bancos:
eles devem buscar aumentar suas
receitas com a concessão de crédito e a prestação de serviços e enxugar custos", afirma Gatti.
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