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Compulsório aumenta custos, afirma Febraban
DA REPORTAGEM LOCAL
A obrigatoriedade de imobilizar recursos no Banco Central e
de conceder crédito para determinados setores dificulta o ganho de
escala por parte dos bancos e a
consequente redução dos custos,
afirma Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos).
"Os bancos só podem dispor de
20% do total de recursos que administram para aplicar livremente. Na realidade, 80% dos recursos
são absorvidos pelo compulsório
e pelo direcionamento obrigatório para o crédito rural e para microcrédito", diz Troster.
Hoje 45% dos depósitos à vista
ficam retidos no BC. Considerando-se também o compulsório sobre depósitos a prazo, são mais de
R$ 100 bilhões que não podem ser
emprestados pelos bancos. "Até o
final de 2004 esperamos uma redução de dez pontos percentuais,
ou pouco mais, no compulsório",
diz Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
Troster considera pouco uma
redução de dez pontos percentuais. Segundo ele, poderia haver
elevação considerável do crédito
se esses recursos fossem liberados. Troster defende ainda a redução da carga tributária.
A diminuição do compulsório,
dizem os economistas, permitiria
o aumento da oferta de crédito
em um ano no qual se prevê crescimento de 3,5% do PIB.
Mudanças estruturais
O sistema bancário nacional deverá passar por mudanças estruturais no ano que vem, com expansão dos negócios, nova rodada de aquisições e aumento da
rentabilidade, segundo analistas
do setor ouvidos pela Folha.
A principal mudança estrutural,
na avaliação do economista-chefe
do Bradesco, será a expansão das
operações de crédito dos bancos.
"A carteira total de crédito do setor deverá crescer 22% no ano que
vem", diz Barros.
Se comparada à variação projetada para o CDI (Certificado de
Depósito Interbancário), de
15,5% em 2004, o volume de crédito deverá ter crescimento real.
O CDI é a taxa de juros negociada
entre os bancos e, segundo Barros, é "o melhor deflator para avaliar a expansão do crédito".
Segundo suas projeções, as operações de crédito, que hoje representam 25,3% do PIB (Produto
Interno Bruto), deverão crescer
um ponto percentual em 2004.
"Comparado a outros países do
continente, como o Chile, onde o
crédito representa 64,6% do PIB,
o crédito bancário é ainda muito
restrito no país", diz Barros.
Para ele, a maior oferta de crédito deverá se dar sem aumento da
inadimplência. Além disso, a nova Lei de Falências -que está para ser votada no Senado- pode
melhorar a qualidade das garantias bancárias. Por essas razões, os
analistas não esperam a repetição
da crise de inadimplência que se
seguiu à explosão do crédito e do
consumo, no início do Plano Real.
O caminho que os bancos deverão trilhar para expandir sua
atuação na área de crédito passa
por novo processo de consolidação -leia-se compra de empresas do setor financeiro. "Ainda há
algumas jóias da coroa, que estão
sendo cobiçadas pelos grandes
bancos", diz Carlos Alberto Gatti,
sócio da consultoria KPMG.
É o caso das empresas especializadas no financiamento de bens
de consumo duráveis e das administradoras de cartão de crédito
independentes (vinculadas a uma
rede de lojas).
(SANDRA BALBI)
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