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Política setorial tem de mirar exportação
DA REPORTAGEM LOCAL
O emprego não deve ser o único
quesito considerado pelo governo
para traçar uma política setorial.
Além da criação de novas vagas, é
preciso considerar o impacto que
o estímulo a um setor terá nas exportações e na conquista de novas
tecnologias. Essa é a opinião de
economistas e empresários.
"A questão do emprego é chave
dentro das discussões setoriais.
Mas é preciso considerar o impacto que um incentivo a determinado setor tem na economia", afirma Sérgio Mendonça, diretor-técnico do Dieese. "Ao mesmo tempo é possível escolher a tecnologia
mais empregadora."
Mendonça diz que o tempo
continua feio no Brasil na questão
do emprego. A tendência, segundo ele, é a de todos os setores, especialmente o industrial, continuarem com a política de poupar
trabalho, como uma das estratégias para reduzir os custos.
David Kupfer, coordenador do
Grupo de Indústria e Competitividade do Instituto de Economia
da UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), concorda. "A
indústria ainda está sob o desafio
de aumentar a competitividade
não só para exportar mais mas
para sobreviver no mercado interno", afirma. Isso quer dizer que
a indústria tem pouco potencial
de absorção de emprego.
O setor de serviços será cada vez
mais, na análise dos economistas,
a salvação dos emprego no país.
Nos últimos 17 anos, o número de
ocupados nesse setor aumentou
em 1,69 milhão na Grande São
Paulo, segundo o Dieese. No mesmo período, a indústria cortou
309 mil postos de trabalho.
O aumento nas vagas, segundo
Mendonça, foi puxado pelos serviços auxiliares (como os de limpeza e segurança) e especializados
(como os das consultorias). O
emprego nesses setores cresceu
320% e 138%, respectivamente, de
1988 a abril deste ano, segundo levantamento do Dieese.
Apesar de o setor de serviços
aparecer como um dos que têm
maior potencial de gerar emprego, diz Mendonça, não é possível
esperar que o governo só invista
nesse setor. "As indústrias mais
dinâmicas são as que menos
criam empregos, mas elas têm
também um papel estratégico na
economia. O desafio é fazer uma
política industrial que considere
todas essas questões."
Para Fábio Silveira, economista
da MB Associados, uma boa política industrial precisa ser articulada com um conjunto de setores.
Não pode considerar apenas um
setor. (FF)
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