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VÔO DA ÁGUIA
Receita das subsidiárias dos EUA na América Latina triplica no 1º trimestre deste ano e chega a US$ 1,9 bilhão
Múltis americanas obtêm lucros recordes
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A retomada da economia global
e o dólar fraco sustentam o primeiro trimestre de lucros recordes das filiais de multinacionais
norte-americanas no mundo.
Nos primeiros três meses deste
ano, os lucros globais dessas empresas atingiram US$ 51 bilhões,
ante US$ 35,7 bilhões no mesmo
período do ano passado. Os dados são do Departamento de
Análises Econômicas dos EUA.
Em valores nominais, o total
dos lucros acumulados pelas subsidiárias no exterior de empresas
americanas supera o registrado
no primeiro trimestre de 2000
(US$ 33,5 bilhões), período de
grande aquecimento da economia americana e que antecedeu o
estouro da "bolha" das ações de
tecnologia nos Estados Unidos.
"Perdidos no meio das manchetes sobre o déficit comercial recorde dos EUA em abril [US$ 48,3
bilhões] estão o seguinte: os negócios e os lucros globais nunca foram melhores para as multinacionais americanas", avalia Joseph
Quinlan, estrategista-chefe do
Banc of America Capital Management, no artigo "Esqueça o déficit
comercial dos EUA".
No primeiro trimestre de 2004,
as filiais das múltis americanas
acumularam lucros recordes em
14 países. Na China, foram US$
776 milhões no primeiro trimestre deste ano. Ante os mesmos
três meses de 2003, houve uma
elevação de 52,5%. "Isso mostra
que os EUA continuam a acumular déficits comerciais com a China [...], sem, porém, significar que
as empresas americanas não estão
indo bem no país", diz Quinlan.
Sob esse ângulo, o economista
defende que os investidores que
financiam a economia americana
devem mudar o foco de atenção
na hora de fazer avaliações. A sua
sugestão é olhar com mais interesse para o desempenho das cerca de 20 mil subsidiárias das companhias americanas pelo mundo
em detrimento daquilo que chama de "números deprimentes"
dos déficits americanos.
Mas, segundo Michael Carey,
economista do Crédit Lyonnais
em Nova York, o desempenho
das múltis é baseado na depreciação do dólar em relação a moedas
como o euro.
Ao converter para dólares os lucros obtidos em filiais instaladas
na zona do euro, por exemplo, os
valores serão maiores. Prova disso é que os lucros na Europa Ocidental quase dobraram nos primeiros três meses deste ano, passando de US$ 453 milhões no primeiro trimestre de 2003 para US$
860 milhões nos três primeiros
meses deste ano.
Análise semelhante é feita por
Eugénio Aléman, da consultoria
americana Global Insight. "A
maior parte das exportações [das
múltis americanas] vai para mercados da zona do euro. Logo, a
apreciação da moeda européia e a
depreciação do dólar têm ajudado
os lucros em dólares das empresas com rendimentos em euros."
Boom na América do Sul
Alinhada com os desempenhos
globais das empresas americanas,
a América do Sul foi a região onde
o crescimento dos lucros foi mais
expressivo. No primeiro trimestre, os lucros praticamente triplicaram, atingindo US$ 1,9 bilhão,
contra US$ 663 milhões no mesmo período do ano passado. No
Brasil, o saldo acumulado nos primeiros três meses de 2004 é de
US$ 579 milhões.
Para Paulo Gomes, da consultoria brasileira Global Invest, o dinamismo do setor exportador
brasileiro neste ano contribuiu
para a expansão dos lucros das
múltis no país.
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