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Compra por impulso eleva a inadimplência
DA REPORTAGEM LOCAL
Os truques das lojas para levar o
consumidor a gastar mais -e,
muitas vezes, mais até do que ele
deve- podem resultar numa dor
de cabeça para os comerciantes
mais para a frente: o aumento da
inadimplência.
Isso porque a compra por impulso, sendo irracional, pode se
transformar num componente
que agrava ainda mais o calote.
Segundo analistas de varejo, na
hora de adquirir algo não planejado, nem sempre o consumidor
questiona se conseguirá pagar o
produto a médio prazo.
O atraso no pagamento das
contas ainda preocupa os lojistas,
especialmente aqueles que dependem de crédito para a venda,
como as revendas de carros e as
redes de eletroeletrônicos.
"O comércio está tão devagar
que os vendedores estão pegando
os consumidores a laço", afirma
Oswaldo Queiroz, diretor da Servloj. É aí que está o risco. Na hora
de caçar o consumidor, corre-se o
risco de conquistar um cliente devedor que compra por impulso.
Segundo analistas, nas redes de
eletrodomésticos isso é cada vez
mais raro de acontecer. Isso porque houve forte retração na renda
do trabalhador desde o final do
ano passado. Com receio de que a
taxa de desemprego continue a se
elevar, o brasileiro colocou o pé
no freio. Isso faz cair a compra em
geral e, principalmente, aquela
feita por impulso.
"O cliente hoje só compra o essencial mesmo", afirma Queiroz.
A inadimplência nas lojas administradas pela Servloj, diz, gira em
torno de 9% a 10% sobre o valor
financiado no mês. Já esteve
maior -chegou a 13,7% em novembro de 99-, mas, ainda assim, é considerada elevada.
"Para os consumidores que recebem de dois a sete salários mínimos por mês -os nossos principais clientes-, a situação está
difícil, pois subiu o preço do gás,
da luz, do café, do pão e dos serviços de telecomunicações", afirma.
Além de ter no bolso menos dinheiro para as compras, o consumidor tem de enfrentar hoje a redução no prazo de financiamento
e as taxas de juros mais elevadas.
A Servloj, por exemplo, reduziu
de nove para seis meses (a partir
de junho) o prazo médio de financiamento do consumidor e os juros cobrados dos clientes aumentaram em 0,5 ponto percentual ao
mês (a partir deste mês). Isso é reflexo da escassez de dinheiro para
empréstimos no mercado por
conta da alta do dólar.
O crédito mais restrito já teve
impacto nas vendas. Na Servloj,
as vendas em julho caíram 8% na
comparação com igual período
do ano passado. A expectativa para este mês é de queda de 10% sobre agosto de 2001.
As incertezas que a economia
brasileira vive por conta das eleições devem manter o consumo
em patamar baixo, na análise de
Queiroz. "Esperamos uma melhora no ritmo de vendas nas lojas
a partir de novembro por causa
do pagamento de parte do 13º salário, mas o fato é que a demanda
está bem contida."
(FF e AM)
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