São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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CONTAS EXTERNAS

Só entraram US$ 700 mi no país; em maio entrou US$ 1,428 bi

Investimento estrangeiro deverá cair 30% neste mês

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil deve receber US$ 1 bilhão em investimento estrangeiro direto neste mês, segundo o Banco Central. Caso a projeção se confirme, o fluxo de capital externo terá caído 30% em relação ao US$ 1,428 bilhão registrado em maio. Até anteontem, US$ 700 milhões haviam ingressado no país.
O BC espera que o Brasil receba US$ 18 bilhões em investimentos estrangeiros neste ano -no ano passado foram US$ 22,636 bilhões. Se a projeção de US$ 1 bilhão para junho se confirmar, o país terá recebido US$ 9 bilhões em investimentos no primeiro semestre deste ano.
Desses US$ 9 bilhões, cerca de US$ 2,9 bilhões se referem a operações chamadas de conversões. Isso significa que os US$ 2,9 bilhões não foram dinheiro novo que entrou no país, e sim empréstimos que haviam sido contraídos por empresas brasileiras e que foram pagos com ações das próprias companhias.
Apesar da queda registrada neste mês, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, diz que o fluxo de investimento não deverá ser muito afetado pelas turbulências no mercado financeiro. "Quando se trata de investimento direto, as empresas se preocupam menos com essas turbulências", afirma.
Pelas projeções do BC, a média de investimento estrangeiro no primeiro semestre deve ficar em US$ 1,5 bilhão. Caso isso não se repita de julho a dezembro, o que pode ocorrer devido à desconfiança do mercado em relação ao Brasil, os investimentos estrangeiros ficarão abaixo de US$ 18 bilhões no ano.

Longo prazo
Segundo Lopes, as empresas que fazem investimentos no Brasil não estão tão preocupadas com o próximo presidente, pois consideram horizontes de longo prazo na hora de decidir colocar seu dinheiro no país.
Por serem menos sensíveis às turbulências do mercado financeiro, os investimentos estrangeiros são considerados o meio mais seguro para financiar o déficit nas contas externas de um país. Neste ano, o Brasil deve ter um déficit em transações correntes de US$ 19,695 bilhões, segundo projeções do BC.
Quando o volume total de investimentos não é suficiente para cobrir todo o déficit externo, é preciso recorrer a empréstimos externos. O problema é que, num cenário como o atual, fica mais difícil -tanto para o governo quanto para a iniciativa privada- conseguir crédito no mercado internacional.



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