ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

A missão do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, de tentar acalmar investidores estrangeiros, com os quais vai se encontrar a partir de hoje na Europa, não será das mais fáceis.
Nada contra Fraga ou seu discurso. Muito pelo contrário. Investidores externos e analistas ouvidos pela Folha elogiam as atitudes do presidente do BC diante da crise. Mas ressaltam que o problema está justamente no que o mercado acredita que Fraga não pode garantir-lhe: continuidade da atual política econômica no próximo governo e respeito aos contratos assumidos.
Segundo investidores, o temor vem da possibilidade de que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, saia vitorioso das eleições. Embora Lula tenha se comprometido, em discurso no sábado, a honrar todas as dívidas e contratos firmados pelo atual governo, o mercado ainda vê o candidato com bastante suspeita.
Segundo a gerente de investimentos de um importante banco em Londres, o PT já havia falado na possibilidade de renegociação de dívidas no passado e demorou muito para mudar seu discurso.

Credibilidade
Pedro de Souza Leão, sócio da Anchorage Capital Partners em Londres, chega a afirmar que o melhor que o presidente do BC poderá fazer nos próximos dias é usar sua credibilidade para dizer aos investidores que a oposição também se comprometeu a não quebrar contratos já assumidos.
"É o que ele pode fazer como presidente do Banco Central pelo Brasil agora", diz Leão.
Para analistas externos, Armínio Fraga vem fazendo o melhor que pode, ao reafirmar os compromissos do atual governo e tomar novas medidas para tentar conter a atual crise financeira.
Mas afirmam que dificilmente investidores estrangeiros farão novos planos para o Brasil até que o cenário eleitoral esteja definido e a política do novo governo fique bem clara.
Armínio Fraga chega hoje a Londres, onde participará de um seminário promovido pelo Deutsche Bank e, em seguida, se encontrará com um grupo de investidores considerados importantes para os objetivos do Brasil. À noite, irá a um jantar oferecido pela Embaixada do Brasil em Londres.

Paris
O presidente do BC segue amanhã para Paris, onde está previsto que passe dois dias. Novamente, participará de um seminário e se encontrará com um grupo de representantes de empresas francesas que investem no Brasil.



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