São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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"Só pitonisa sabe de crise", afirma FHC

DA ENVIADA AO RIO

Um dia após as quedas da cotação do dólar e da avaliação do risco-país, o presidente Fernando Henrique Cardoso indicou que o governo terá cautela antes de celebrar o retorno à tranquilidade do mercado porque não é possível prever se haverá outra crise.
"Crise de mercado, hoje em dia só pitonisa sabe", brincou o presidente, fazendo referência à profetisa da mitologia grega.
FHC participou ontem do encerramento do seminário Rio+10, encontro preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre na África do Sul em dois meses.
Para o presidente, o governo tomou medidas eficazes para frear a escalada do nervosismo do mercado. As medidas incluíram desde ligações para o governo norte-americano para "reclamar" das declarações negativas do secretário do Tesouro, Paul O"Neill, até medidas do BC (Banco Central) para conter a compra de dólares no mercado.
"Nós aqui fizemos tudo que é possível, corretamente. Isso é reconhecido no mundo todo", disse o presidente. "Agora temos que ver no dia a dia. Mas o governo tem que estar atento e estar trabalhando com tranquilidade", recomendou.
FHC comparou seu conselho às reações da torcida brasileira com o desempenho do time brasileiro na Copa. Ele repetiu um conselho do técnico Luiz Felipe Scolari.
Segundo o presidente, apesar de o time ter chegado às semifinais, é preciso conter o entusiasmo e melhorar o desempenho.
"Talvez vale à pena pensar no que o Felipão disse sobre a Copa: foi bom, mas dá para fazer mais. É a mesma coisa aqui, no Brasil. Tem sido bom, mas dá para fazer mais. E vamos fazer."
Em reunião no Palácio do Planalto com líderes governistas na Câmara, o presidente Fernando Henrique Cardoso atacou a especulação financeira e disse que é um "absurdo" vincular a instabilidade do mercado a "incertezas eleitorais".
Segundo o deputado Jutahy Júnior (BA), líder do PSDB na Câmara e que participou da reunião, FHC afirmou que toda campanha eleitoral tem incertezas.
FHC disse que não há motivos para o nervosismo do mercado, pois o país superou o superávit primário (receita menos despesas, sem incluir os gastos com juros), o resultado da balança comercial é maior que o esperado e a inflação está sob controle.
O presidente lembrou ainda que muitos consultores econômicos internacionais dizem que os fundamentos da economia brasileira são melhores que antes do seu governo.(LEILA SUWWAN)


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