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Governo quer superávit nominal até 2010
Mantega diz que meta deve ser alcançada com aumento da economia feita pelo governo e redução da taxa de juros
Ministro afirma que grupo de trabalho irá formatar mudanças na contabilidade pública do país, que incluirá Estados e municípios
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o
governo pretende alcançar superávit nominal em 2010. A
grosso modo, superávit nominal é o dinheiro que sobra no
caixa da União depois do pagamento de todas as suas despesas, inclusive os juros da dívida
pública.
Ele garantiu que o governo
não deixará de divulgar o superávit primário -economia feita
para pagar os juros da dívida,
sem incluir os gastos com os juros- com a criação das novas
normas de contabilidade pública.
"Vamos olhar daqui para a
frente mais para o nominal do
que o primário. Não vai eliminar, evidentemente, nem o primário nem o operacional. São
conceitos que ficam. Mas vamos valorizar o nominal. Vamos perseguir o superávit nominal até 2010", disse o ministro.
Mantega afirmou que um
grupo de trabalho ainda fará estudos para definir as novas regras da contabilidade pública.
"Isso vai demorar algum tempo
porque não é algo que se faça do
dia para a noite", afirmou Mantega.
Ele acrescentou que o superávit nominal será alcançado
com a redução dos gastos do governo e com a redução da taxa
básica de juros, quando passar
o que chamou de "surto inflacionário". O aumento da taxa
de juros gera um custo financeiro para o governo porque
parte da dívida pública é remunerada pela taxa Selic.
Portaria
A portaria do Ministério da
Fazenda, que será publicada
hoje no "Diário Oficial" da
União, ainda não traz as mudanças que serão adotadas na
elaboração e divulgação das
contas públicas.
O documento diz apenas que
as novas normas seguirão o padrão internacional de contabilidade pública e que caberá ao
Tesouro Nacional promover a
convergência com o novo modelo.
As novas normas deverão ser
seguidas também por Estados e
municípios. Mas não foi estabelecido um prazo para que entrem em vigor.
A discussão no Tesouro Nacional é criar a chamada contabilidade patrimonial. Ou seja, o
governo quer contabilizar na
divulgação do seu resultado a
soma de todo o seu patrimônio,
que inclui ações de empresas
estatais, obras de infra-estrutura e o valor de edifícios públicos.
A divulgação do balanço patrimonial vai permitir que os
investimentos das empresas
estatais, principalmente os da
Petrobras, não tenham impacto nas contas públicas. Hoje, os
investimentos da Petrobras entram nas contas como despesas
do governo. Com as mudanças,
os gastos com os investimentos
serão anulados porque o governo contabilizará um aumento
nos seus ativos de valor equivalente, zerando o impacto que
este gasto gera na metodologia
atual.
A criação de um balanço patrimonial terá impacto na dívida líquida do setor público. Hoje, o governo divulga sua dívida
líquida financeira, que cairá à
medida em que o governo contabilizar novos ativos.
Ainda não está definido o formato de divulgação das novas
contas. O que até agora foi concebido é que na prática haverá
um balanço financeiro do setor
público (que representa o fluxo
de caixa) e o patrimônio líquido
(o estoque de tudo o que o governo possui menos o estoque
da dívida pública).
O governo argumenta que a
inclusão do balanço patrimonial na divulgação do resultado
do setor público está previsto
no manual do FMI (Fundo Monetário Internacional), de
2001. Hoje, o governo segue as
normas do FMI de 1986, apenas com o balanço financeiro
mensal.
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