|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Desde janeiro, cerca de 500 mil vagas foram criadas fora das regiões metropolitanas em nove Estados brasileiros
Exportações levam empregos ao interior
CLAUDIA ROLLI
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCA
Apesar de o Brasil enfrentar
uma das maiores taxas de desemprego de sua história, aumenta o
número de vagas com carteira assinada no interior do país.
Crescimento das exportações
agrícolas, fiscalização mais intensa e incentivos fiscais resultaram
na expansão de empregos nas
áreas não pesquisadas pelo IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), que só acompanha a
variação do emprego em seis regiões metropolitanas do Brasil.
No interior de nove Estados foram abertos 497.347 postos de
trabalho de janeiro a setembro
deste ano, enquanto nas regiões
metropolitanas dessas mesmas
áreas foram criadas 153.107 vagas
-menos de um terço. Os postos
de trabalho criados no interior
desses Estados representam quase 60% do total de vagas abertas
no país no período.
Esses números são do Caged
(Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados), um dos indicadores do Ministério do Trabalho
que medem o emprego formal. Isso é feito a partir de informações
sobre admissões e demissões que
as empresas têm de enviar mensalmente ao governo.
Sem pesquisas
Não há pesquisas mensais para
avaliar o comportamento do emprego no interior do país. Por isso,
as informações do Caged despertaram a atenção de quem estuda o
mercado de trabalho.
Desde 2000, o interior se destaca
na criação de vagas com carteira
assinada na comparação com as
regiões metropolitanas. Só que,
neste ano, o número de vagas
abertas no interior (saldo entre
admissões e demissões ou desligamentos) já é três vezes maior do
que o criado nas áreas urbanas.
De nove Estados -Pará, Ceará,
Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul- nos
quais o Caged obtém informações
de emprego, só dois -Ceará e
Rio- registraram, de janeiro a
setembro deste ano, maior aumento de vagas nas regiões metropolitanas. Nos outros sete Estados, o interior estimulou o aumento do emprego formal.
O crescimento de postos de trabalho com carteira assinada no
interior do Brasil neste ano surpreendeu até mesmo o governo,
que já estuda a possibilidade de
realizar pesquisas para medir o
mercado de trabalho -formal e
informal- nessas regiões.
O ministro do Trabalho, Jaques
Wagner, já admitiu que é uma falha não acompanhar o mercado
de trabalho no interior e que é
preciso viabilizar recursos para
estender as pesquisas para as cidades mais distantes. Até porque
apenas 28% dos 78 milhões de
trabalhadores no país têm carteira assinada, segundo dados da
Pnad (Pesquisa Nacional de
Amostra de Domicílios) de 2002.
"O dinamismo do interior, a
partir dos dados do Caged, nos
surpreendeu e nos colocou uma
questão: as taxas de desemprego
do país verificadas em algumas
regiões metropolitanas mostram
o que acontece de fato no Brasil?",
questiona Rosane Maia, coordenadora do Observatório do Mercado de Trabalho do ministério.
A partir dos dados do Caged,
técnicos do ministério entendem
que o emprego formal no interior
subiu mais que nas regiões metropolitanas porque: 1) a agricultura,
puxada especialmente pelas exportações, se tornou um dos setores mais ativos da economia e acabou levando outras empresas (como a de fertilizantes) para as regiões agrícolas; 2) as indústrias estão levando suas fábricas para o
interior porque o custo é menor e
porque as regiões metropolitanas
já estão saturadas; 3) o governo
Lula intensificou a fiscalização no
interior, especialmente nas áreas
rurais, o que resultou no aumento
do número de carteiras assinadas;
4) os incentivos fiscais para uma
empresa se instalar no interior
também são, na maioria das vezes, mais atraentes do que os oferecidos nos grandes centros.
Destaques
O interior de São Paulo, de Minas Gerais e do Paraná lidera o
ranking de criação de vagas formais neste ano. Nessas regiões foram abertas 249,6 mil, 85,3 mil e
72,9 mil vagas, respectivamente.
Os setores que puxaram o emprego foram agricultura, pecuária, indústrias de alimentos e bebidas e álcool, calçados, comércio
varejista e serviços (imóveis,
transportes e comunicações).
Texto Anterior: Painel S.A. Próximo Texto: IBGE e Fundação Seade buscam recursos para estender pesquisas Índice
|