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Em dez anos, 2,6 mi
ficam sem emprego
DA REPORTAGEM LOCAL
O Real estabilizou a economia,
mas deixou um legado de 2,6 milhões de desempregados no país
entre 1995 e 2002, número próximo ao da população de Curitiba,
capital do Paraná. Só na região
metropolitana de São Paulo, o estoque de desempregados chegou
a 847 mil nos dez anos do plano.
Para chegar ao cálculo nacional,
Luiz Parreiras, economista do
Ipea, considerou, para setembro
de 2002, a mesma taxa de desemprego de setembro de 1995 -de
6,7%, segundo a Pnad (Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE.
Ao aplicar essa taxa sobre a PEA
(População Economicamente
Ativa) de 2002, o economista chegou ao número de 5,5 milhões de
desempregados. Como a taxa em
2002 foi de 9,9% -com 8,1 milhões de desempregados- o "esqueleto" do desemprego equivale
à diferença: 2,6 milhões. "Só no
governo FHC [95-2002], o Real
produziu 2,6 milhões de desempregados", diz Parreiras.
Para eliminar esse estoque de
desempregados, o economista do
Ipea estima que seriam necessários seis anos e meio. Nesse caso,
considerou três fatores: 1) o crescimento anual do PIB de 3,5% nos
próximos anos; 2) para cada um
ponto percentual de crescimento
do PIB, o emprego cresce 0,8%
-essa relação é chamada de elasticidade emprego/produto; 3) o
ingresso anual de 1,7 milhão de
pessoas no mercado de trabalho.
Nas estimativas do professor da
Unicamp Anselmo Luis dos Santos, serão necessários de sete a oito anos para que a Grande São
Paulo volte a ter a mesma taxa de
desemprego verificada em 1994
-14,2% em junho, medida pelo
Dieese e pela Fundação Seade. Em
abril deste ano, essa taxa foi de
20,7%. Para chegar a esse prazo,
ele estimou que o Brasil cresceria
3,5% ao ano e que a relação produto/emprego seria de 0,87%
(percentual obtido da média histórica dos últimos dez anos).
"Só vamos chegar ao mesmo estoque de desempregados de 1994
[1,197 milhão] em um prazo de 14
a 15 anos", diz Santos. Para zerar o
número de desempregados em
São Paulo seriam necessários
mais de 20 anos.
(CR e FF)
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