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Estatal chinesa entra na disputa de aparelho celular
Empresa pretende ingressar no mercado do Brasil até o fim deste ano, mas nega que promoverá guerra comercial
Para executivo, esta é a hora de China e Índia crescerem no mercado mundial de telecom; ele aposta no fim das fabricantes tradicionais
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL À CHINA
Segunda maior fabricante de
produtos de telecomunicações
da China, a ZTE entrará com a
sua marca no mercado de telefones celulares no Brasil até o
final do ano. A estatal chinesa é
pouco conhecida dos usuários
finais porque a sua estratégia
no exterior tem sido fabricar
aparelhos para vender diretamente às companhias telefônicas, que então imprimem suas
marcas nos produtos. É a chamada "customização".
Pela primeira vez, a fabricante chinesa fará uma campanha
de marketing agressiva no Brasil. O presidente da ZTE Brasil,
Eliandro Ávila, informou que
os celulares serão montados
pela Evadin. Inicialmente serão oferecidos modelos populares e de custo médio, para "disputarem nichos", afirmou.
A América Latina representa
cerca de 7% da receita mundial
da ZTE, e a meta do grupo é aumentar o faturamento na região em 200% neste ano. A fama dos chineses de derrubar
preços não deve acontecer no
mercado brasileiro. "Os preços
serão competitivos, mas não
entraremos em guerra comercial", disse Ávila.
Voracidade
A cada ano, os chineses ficam
mais vorazes no mercado internacional de telecom. Em 2007,
pela primeira vez, as exportações da ZTE ultrapassaram as
vendas dentro da China.
No ano passado, foram 6 milhões de telefones vendidos à
Vodafone e serão 15 milhões
neste ano. A operadora portuguesa TMN adquiriu 2 milhões
de unidades para suas subsidiárias em países africanos como
Uganda, Zâmbia e Ruanda.
O grupo chinês diz que está
fechando contrato com uma
operadora de celular brasileira
e que o negócio será anunciado
nos próximos dias. A ZTE produzirá 50 milhões de aparelhos
neste ano, em nível global, contra 30 milhões em 2007.
Em entrevista a jornalistas
do Brasil e da Argentina, na sede da ZTE, em Shenzhen (sul
do país asiático), o vice-presidente da empresa para a América do Norte e a América Latina, Wu Zengqi, disse que chegou a vez de China e Índia crescerem em telecomunicações e
que os fabricantes tradicionais
europeus e norte-americanos
vão morrer: "They are going to
die", provocou.
"A Siemens e a Nokia se juntaram e mesmo assim continuam perdendo espaço. A Nortel desapareceu. Quantos produtos a Motorola lança por
ano? Hoje elas têm mercado,
mas vão morrer. É assim que a
economia mundial evolui. O
mundo está vindo para a China
e para a Índia", afirmou.
Fundada há 23 anos, a ZTE
tem controle de capital estatal e
50 mil empregados. Os concorrentes internacionais a acusam
de crescer à custa de subsídios e
das encomendas do Estado. A
empresa diz que houve subsídios no início, mas que o quadro mudou e agora ela se tornou uma companhia global,
com custos competitivos e presença em mais de cem países.
Enquanto o mercado mundial de telecom cresceu à taxa
média de 9% no ano passado, o
balanço da ZTE aponta aumento de receita de 49,8%. Segundo
Zengqi, é na África que a empresa tem obtido maiores lucros nas vendas. Questionado
sobre a razão de a maior lucratividade vir de um continente
pobre, respondeu que a empresa chegou à África antes dos
concorrentes e pegou o mercado no começo.
Na América Latina, segundo
ele, a empresa chegou quando
os fabricantes europeus e norte-americanos já estavam instalados e, por isso, sua lucratividade na região é menor.
A ZTE não tem planos de instalar fábrica no Brasil a curto
prazo. Diz que a construção de
uma unidade só acontecerá
quando o volume de vendas
justificar o investimento. Fora
da China, ela só tem uma fábrica de celular, na Índia, mas possui 15 centros de desenvolvimento de pesquisa no exterior,
sendo três nos Estados Unidos.
Laboratórios
A empresa convidou os jornalistas para conhecerem o
centro de desenvolvimento de
design de celulares em Xangai e
a fábrica e o laboratório de testes de qualidade em Shenzhen,
num esforço para derrubar a
imagem de que os produtos
chineses não teriam qualidade.
A companhia afirma que, do faturamento anual de US$ 5,8 bilhões, 12% são investidos em
pesquisa e desenvolvimento.
A jornalista ELVIRA LOBATO viajou à China a
convite da ZTE
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