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Sites cobram menos que preço de custo, dizem lojistas
Levantamento mostra que lojas virtuais
vendem produto por até a metade do preço
Associação afirma que
receiver é vendido por
R$ 9.900 em uma loja
convencional e por
R$ 5.500 pela internet
FÁTIMA FERNANDES
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de lojistas que
vende produtos de áudio e vídeo, software e equipamentos
para automação residencial
acusa lojas virtuais de venderem os mesmos produtos a preços abaixo do custo.
Para enfrentar o que consideram "concorrência desleal",
lojistas dos Estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul decidiram montar uma associação
com o objetivo de ter mais poder para pedir fiscalização intensa da Receita Federal e das
Fazendas estaduais nas lojas
que só vendem pela internet.
Levantamento feito por lojistas na semana passada mostra
que preços de produtos vendidos em suas lojas e em lojas virtuais têm diferença da ordem
de 50%, ou seja, metade do preço. Citam exemplos. Receiver
da marca Marantz modelo SR
8002, vendido por eles por R$
9.900, custa R$ 5.500 em loja
virtual. Projetor Sony modelo
VPL-EX4, comercializado por
eles por R$ 3.799, sai por R$
2.395 em lojas on-line.
"Estamos sofrendo concorrência desleal com lojas virtuais que vendem produtos a
preços que são custos para nós.
E essas lojas virtuais não são
distribuidoras oficiais no país",
afirma Claudia Ribeiro Siscar,
diretora da Cinema 1, revenda
localizada em Bauru (SP) e especializada em equipamentos
eletrônicos de áudio e vídeo para casa. A Cinema 1 é uma das
lojas que deverá fazer parte da
associação que pretende reunir
no mínimo 12 lojas no país.
"As lojas virtuais com preços
abaixo do custo estão se proliferando no país e tirando mercado da gente. Compro por R$
7.600 um receiver Onkyo e
vendo por R$ 11.600, incluindo
margem [de lucro] e impostos.
Em loja virtual, o produto custa
R$ 6.300. Assim não dá para
competir", diz Fernando Ely,
gerente administrativo da Áudio e Vídeo Ltda., revendedora
de equipamentos de áudio e vídeo para casa.
As lojas virtuais mais agressivas em preços, segundo eles,
são Ciavirtualmix, Videosonic,
Byte Shop Info e Etronics. Eles
criticam também o Mercado
Livre. "Os preços que saem no
Mercado Livre viram parâmetro do mercado brasileiro", diz
a diretora da Cinema 1.
A Folha procurou as lojas
virtuais e o que elas informam
é que os custos de um comércio
virtual são muito menores do
que os de lojas físicas, o que faz
com que possam oferecer preços mais baixos para os consumidores. Elas dizem ainda que
o que existe no país é concorrência de mercado, e não disputa desleal.
Não há fiscalização
Ely diz que procurou a Receita Federal no Rio Grande do Sul
e em São Paulo para pedir fiscalização em lojas virtuais. "Não
tive sucesso. O que me disseram é que falta pessoal para fazer a fiscalização. É preciso ver
se esse pessoal está importando de forma legal ou não."
A Áudio e Vídeo e a Cinema 1,
segundo Ely e Siscar, poderiam
faturar de 30% a 50% mais se
não fosse a concorrência com
as lojas virtuais. "O pior é que
os consumidores que compram
nessas lojas acabam depois
procurando a gente para dar assistência técnica. Nós não aceitamos", afirma Ely.
Eduardo Troiano, diretor comercial da Troiano's, loja em
São Paulo especializada em
equipar casas com produtos de
áudio e vídeo, diz que a proliferação de lojas virtuais que vendem por preços abaixo do custo
só será combatida com ação de
fiscalização da Receita Federal
na internet.
"O consumidor tem de abrir
o olho quando opta por comprar em sites. Ele tem de saber
a origem do produto, se há garantia no Brasil e quem está
trazendo a mercadoria do exterior, pois o barato pode sair
muito mais caro", diz Troiano.
Distribuidora de várias marcas de equipamentos de áudio e
vídeo no país, a Syncrotape informa que sofre concorrência
desleal principalmente com
marcas que entram no país pelo
Paraguai. "Somos revendedores exclusivos da Denon no
Brasil, só que a marca também
está disponível no Paraguai.
Resultado: lojas virtuais vendem no Brasil por preços 30% a
40% mais baratos os mesmos
produtos que ofereço. Isso não
é possível, pois a matemática
não fecha", afirma Nelson Zen,
gerente administrativo da
Syncrotape. "Se não houvesse
essa concorrência desleal, estaríamos vendendo 50% mais."
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