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CONJUNTURA
Empresas aguardam definição nas urnas e estabilização do câmbio para retomar investimentos e negociações
Indústria só volta a andar após as eleições
FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
A indústria vai continuar em
compasso de espera nesta semana
que antecede as eleições. As negociações com fornecedores de insumos e clientes, já emperradas
nos últimos dias por causa da alta
brusca do dólar, devem ficar em
ritmo ainda mais lento.
O dólar mais caro paralisou os
negócios especialmente dos setores mais dependentes de matérias-primas importadas, como o
eletroeletrônico. Mas a ansiedade
gerada no mercado por conta das
oscilações da moeda norte-americana -somada à proximidade
das eleições- afetou cadeias produtivas inteiras, como a têxtil.
"Os negócios estão travados",
afirma Paulo Skaf, presidente da
Abit, associação que reúne a indústria têxtil. Mas, na sua opinião,
por um motivo irreal. "A alta do
dólar é obra de especulação. Por
isso, prefiro acreditar que o câmbio se estabilizará. Se for para o
país viver nessa expectativa até o
final das eleições, tomara que haja
uma decisão no primeiro turno."
A alta do dólar na última semana já embutiu a expectativa de vitória do candidato petista Luiz
Inacio Lula da Silva, na análise de
Clarice Messer, diretora da Fiesp
(Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"O cenário político é obviamente dominante neste momento.
Mas os empresários entendem
que, com Lula ou com José Serra
[o candidato do governo, preferido do mercado", a volatilidade do
dólar continuará até que seja definido o caminho que o novo governo dará para a economia. Não
é num passe de mágica que essa
situação vai se inverter."
Benjamin Steinbruch, presidente da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), é um dos empresários que não vêem diferença entre
os candidatos. Afirma, no entanto, que já preparou sua empresa
para enfrentar a crise cambial.
"Elevamos de 25% para 50% a
participação das vendas externas
nos nossos negócios já em julho."
Também cortou 10% dos quase 10
mil trabalhadores da siderúrgica,
para diminuir custos.
Pelo que Clarice observou nos
últimos dias, a indústria está sofrendo forte pressão de custos e,
para enfrentar a fase de instabilidade, está mais conservadora,
menos disposta a investir. "Os
empresários querem proteger o
caixa, isto é, vão manter uma política rígida de corte de gastos para
enfrentar o que vem por aí."
Uma das maiores multinacionais do país do setor de petróleo
informa que, com Lula na Presidência, a situação fica mais difícil
em 2003, porque ele teria menos
apoio no Congresso. Com Lula ou
com Serra, no entanto, novos investimentos da empresa ficarão
por ora em compasso de espera.
Se a desvalorização do real persistir, na análise de empresários
ouvidos pela Folha, os custos vão
subir e, como consequência, os
preços também. Isso resulta em
menos venda e menos produção
e, portanto, em menos emprego.
Na dúvida, os empresários do setor têxtil decidiram não mais fazer
previsões para 2002. No início do
ano, eles falavam em aumentar
entre 2% e 3% a produção na
comparação com 2001.
Na análise desses empresários,
se a indústria conseguir produzir
em 2002 o mesmo volume do ano
passado, será lucro. "O mercado
não está disposto a pagar pelos
aumentos de custos decorrentes
da alta do dólar. Essa situação,
portanto, vai reduzir a atividade
das fábricas em pelo menos mais
uma semana, até a eleição", afirma Roberto Faldini, diretor da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo).
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