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ANÁLISE / FRAUDES DO CAPITAL
Escândalos chamuscam os analistas
DO "FINANCIAL TIMES"
A nalistas. Quem precisa
deles? Custam muito dinheiro aos bancos, mas os relatórios
de pesquisas que produzem são
distribuídos gratuitamente. Suas
recomendações de "compre,
compre, compre" ajudaram a alimentar a alta das Bolsas, mas suas
tardias recomendações de venda
pouco fizeram para limitar o estrago subsequente.
Seus piores excessos, os elogios
de Henry Blodget a empresas de
internet que eram verdadeiras
arapucas e a recomendação da
agora sabidamente fraudulenta
WorldCom por Jack Grubman,
causaram sérios danos à reputação dessa categoria profissional.
Isso se aplica não apenas aos empregadores dos dois profissionais
mencionados, o Merrill Lynch e o
Citicorp, mas a todos os bancos
que trabalham ao mesmo tempo
em finanças corporativas, por um
lado, e corretagem de ações, pesquisa e assessoria a clientes de varejo, de outro.
Vergonha
Os conflitos de interesse estavam muito presentes quando os
analistas ajudaram a promover
negócios de fusão e aquisição. Os
analistas do Merrill Lynch recebiam formulários solicitando detalhes de seu envolvimento em
transações, "com especial atenção" ao papel desempenhado por
suas pesquisas na "origem, execução e acompanhamento" de transações.
Que vergonha. Mas será que a
atual escassez de transações e de
ofertas públicas iniciais de ações
não sugere uma solução óbvia?
Demitam os analistas e economizem um bom dinheiro.
O problema é que os analistas
são necessários. Os bancos que
subscrevem uma emissão de
ações precisam de uma avaliação
sobre a companhia e suas perspectivas, e as empresas cotadas
em Bolsa precisam de retornos
analíticos. Esse trabalho precisa
ser executado por pessoas inteligentes, dotadas de conhecimentos especializados, o que sai caro.
Quem paga?
Mas os grandes grupos que são
clientes dos bancos relutam em
pagar diretamente pelos custos de
análise. Como aconteceu com
muita frequência durante os anos
de alta do mercado, os lucros recordes que o setor financeiro vinha obtendo foram usados, em
parte, para subsidiar esse tipo de
serviço.
Com a lucratividade esmagada
e com as autoridades federais
reerguendo muralhas da China
entre os serviços de pesquisa e o
financiamento corporativo, todos
os bancos precisam repensar seu
modelo de negócios. Os que mantiverem seus departamentos de
pesquisa deveriam reduzi-los ao
modelo tradicional, de "analistas
de corretagem".
Os analistas podem se alimentar
das correntes de lucros gerados
pela corretagem, estimulada pelas
suas recomendações de compra e
venda. Os custos de seus serviços
poderiam ser incluídos em contas
detalhadas, enviadas aos clientes
corporativos.
Mais por menos
As equipes de pesquisa mantidas pelas instituições financeiras
deveriam cobrar diretamente dos
clientes por seus serviços. Não deveria ser permitido que seus custos sejam disfarçados em meio a
comissões de corretagem.
Alguns dos bancos serviços podem decidir que não vale a pena
manter pesquisadores como parte de suas equipes. O futuro desses
profissionais pode estar no setor
de assessoria aos investidores, nas
corretoras, nos fundos de investimento ou em empresas de pesquisa independentes. Haverá menor número deles, milhares deverão perder o emprego, mas já passou a hora de a qualidade vir antes
da quantidade nesse ramo de atividade.
Tradução de Paulo Migliacci
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