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Agricultores ampliam cobranças ao governo
Reivindicações agora incluem solução de entraves para infra-estrutura e tributação
Entidade do setor critica recente pacote de ajuda federal e diz ser "errôneo jogar todas as expectativas em cima do câmbio"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Atendidos nos pedidos de renegociação de dívidas e mais financiamento para a agricultura, os produtores agora ampliam a pauta e pedem mais do
governo federal para resolver
os entraves do setor: obras de
infra-estrutura, reforma da legislação de transgênicos, novos
acordos de livre comércio, redução da tributação sobre insumos, entre outros.
Para o setor, a valorização do
real, citada como problema por
dez entre dez agricultores do
país, teria desmascarado os
problemas, uma vez que um
dólar forte compensaria as outras dificuldades ao gerar mais
dinheiro para os produtores.
"É errôneo jogar todas as expectativas em cima do câmbio.
O dólar alto maquia os problemas. O pacote não atendeu às
expectativas de mudanças estruturantes, o tema foi tratado
de maneira insipiente", diz Ricardo Cota, superintendente-técnico da CNA (Confederação
da Agricultura e Pecuária).
Para ele, o setor "estava pendurado de ponta-cabeça", e o
pacote do governo -terceiro,
em menos de três meses- revirou o paciente. Agora, faltaria
fazê-lo andar novamente.
As pedras são atiradas contra
o governo, que deveria acelerar
a aprovação do algodão geneticamente modificado RR e BT,
em menos de dois anos, caso
contrário o Brasil sai do mercado, segundo a CNA.
Deveria, de acordo com a entidade, retaliar a União Européia, no açúcar, e os Estados
Unidos, no algodão, por não
cumprirem determinações de
painéis da OMC (Organização
Mundial do Comércio). Mas isso não foi abordado no pacote
de R$ 60 bilhões para o Plano
Safra e regras para alongamento de dívidas.
"O tratamento dado à questão do endividamento pelo menos aliviou a barra do produtor,
que agora pode fazer novos financiamentos para pagar dívidas e ter algum capital", disse
Cota. A diretoria da CNA disse
que não orienta "nem a parar
nem a continuar os protestos",
pois isso seria decisão local de
produtores. A decisão de como
pressionar o governo será tomada amanhã, em Brasília.
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