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Não-adesão estagnou a carreira, diz bancário
DA REPORTAGEM LOCAL
Há 30 anos, Jaime Jorge Melim
de Freitas, 64, não optou pelo
FGTS. Tudo o que aconteceu em
sua vida profissional de lá para cá
foi pautado por essa decisão, diz.
De um cargo de confiança na
área de cobranças de uma agência
do Itaú em Santa Cecília (centro
de SP) a auxiliar de escritório em
um prédio do banco ao lado do
metrô Conceição (zona sul), Freitas viveu o oposto do que é considerado evolução no emprego.
Na época em que o fundo de garantia entrou em vigor, Freitas,
que nasceu na ilha da Madeira,
em Portugal, era funcionário do
Banco Português do Brasil -incorporado pelo Itaú em 73- havia cinco anos.
"Pouco antes de o Itaú chegar,
houve pressão para que todos os
funcionários optassem. Fui escapando, eu tinha amizade com a
gerência e era um bom funcionário. Queria garantia no emprego,
tinha acabado de me casar."
De acordo com ele, quando o
Banco Português foi comprado
pelo Itaú, a pressão para que os
funcionários optassem pelo FGTS
aumentou.
"No final de 74, de não-optantes
só sobramos eu e um contador.
Na época, eu era encarregado na
área de cobranças", relata.
Ele e o contador, diz, foram
transferidos para uma outra
agência, onde foram rebaixados
de cargo como uma forma "de
pressão", porque ambos eram
não optantes do fundo.
"Puseram-me em um balcão de
dez metros para organizar os livros com os documentos assinados pelos gerentes de todas as
agências do Itaú. Senti que minha
carreira como bancário terminou
ali", afirma.
Desde então, Freitas passou por
inúmeras agências em inúmeros
departamentos do Itaú sem nunca, segundo ele, ter tido aumento
ou promoção no emprego.
Ele move hoje três processos
trabalhistas contra o banco. Dois
relativos a horas extras trabalhadas e um terceiro por não ter tido
direito a um prêmio após 30 anos
de trabalho -o que, segundo ele,
é praxe no Itaú.
De acordo com o idoso, o banco
já ofereceu a ele algumas vezes o
pagamento da indenização a que
tem direito se for mandado embora: dois salários por ano trabalhado como não-optante do fundo de garantia.
"Mas quero mais do que o dobro da indenização, porque entendo que tive a minha carreira
prejudicada por ser um não-optante", afirma.
Hoje, Freitas diz que "está meio
encostado". Casado e com duas
filhas, trabalha com fotocopiadora e no almoxarifado do banco.
(MP)
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