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No RS, estáveis são protegidos por entidades
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Os raros casos de empregados
estáveis no Brasil encontram guarida, no Rio Grande do Sul, justamente onde menos se esperaria:
em entidades representativas de
empresas. No caso, da indústria.
Na Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do
Sul), por exemplo, há um personagem curioso, que, em todo o
início de mês, comparece à entidade para receber seus proventos
como advogado.
Trata-se de Paulo Augusto Simões Pires, que os funcionários
da Fiergs calculam ter cerca de 90
anos. Nem mesmo no setor de
pessoal consta a idade de Simões
Pires. A Agência Folha tentou localizá-lo pelo telefone e até mesmo em seu apartamento, na zona
norte de Porto Alegre. Nada de
encontrá-lo.
Para ter notícia do funcionário,
que poderia já estar aposentado,
somente fazendo plantão na
Fiergs quando chega o dia 5.
No Sesi (Serviço Social da Indústria), trabalhava até duas semanas atrás o técnico Pedro da
Silva Barcelos, 51, como técnico e
como não-optante. Ou seja, estável. Mesmo deixando de ganhar
seus R$ 2.831 mensais e passando
a receber cerca de R$ 2.200 do
INSS, Barcelos se aposentou.
"Tenho toda uma visão sobre a
estabilidade ou o FGTS. Acho que
tanto faz. Na verdade, estabilidade não representa segurança. De
qualquer forma, o funcionário
tem de pensar em desenvolver seu
trabalho. A estabilidade pode ser
um veneno, que faz o funcionário
se acomodar e não evoluir", diz.
Barcelos entrou no Sesi como
contínuo em 1966, um ano antes
do advento do FGTS. Ele tinha 14
anos. Na época, ouviu diversas
conversas de corredor sobre o assunto. Preferiu, porém, manter-se
como não-optante.
"Hoje, eu poderia optar, sem
problema. Sempre reivindiquei
dentro da empresa o que achava
justo, reclamei do injusto e fiz
meu trabalho, procurando sempre me aprimorar. Sei que hoje há
a globalização e a tecnologia, que
o mercado é difícil, mas acredito
no homem que trabalha com dignidade", afirma.
Barcelos, que completa 52 anos
no dia 8, diz sempre ter trabalhado como se fosse optante. "Se não
trabalho com responsabilidade,
posso ter de enfrentar um processo", explica ele, que garante nunca ter sofrido pressões para optar
pelo FGTS.
(LÉO GERCHMANN)
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