São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2004

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AGRONEGÓCIOS

Salários para pesquisadores vinculados ao agronegócio passam dos R$ 7.000 nas empresas de grande porte

Pesquisa de alta tecnologia tem forte demanda e remunera bem

Matuiti Mayezo/Folha Imagem
ENSAIO Em meio a equipamentos, cientista da Embrapa produz pesquisa mirando o desenvolvimento da agropecuária em todo o país

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Nem nos escritórios das grandes cidades, nem no meio rural. Trabalhar com agronegócios em laboratórios de alta tecnologia, cercado por tubos de ensaio, microscópios e computadores é uma opção rentável para os cientistas da agropecuária.
Quem optar por esse caminho pode trabalhar tanto no setor público como no privado. No público, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) domina a cena, sendo um dos maiores centros mundiais de pesquisa no setor, com 2.200 pesquisadores (54% de doutores e 42% de mestres). Os salários iniciais giram em torno de R$ 2.600.
"Exigimos um alto nível de qualificação. O ideal é que o candidato tenha dedicação ao estudo, boa preparação para pesquisa científica e ampla visão de agronegócio", diz o coordenador de planejamento e desenvolvimento de recursos humanos da Embrapa, José Prado Fonseca Filho. "Mas o principal é que o profissional não tenha um olhar verticalizado e veja a inserção da pesquisa também no ambiente e no social."
Na iniciativa privada, o salário é o principal atrativo. Não é à toa que os laboratórios da Embrapa perdem profissionais de alto nível para grandes empresas, que têm condições de oferecer remunerações a partir de R$ 7.000 para os mais gabaritados. A evasão do setor público para o privado dobrou nos últimos anos e hoje é de 5%.
O perfil do pesquisador científico, segundo Prado, está se alterando, conciliando juventude e alta capacitação. "Estamos de olho naqueles indivíduos que tenham publicação científica já na faculdade e que sejam jovens. Isso revela a opção pela carreira científica ainda na graduação", analisa.
Outro caminho é o próprio cientista se tornar empresário para capitalizar seus conhecimentos. Na Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp), por exemplo, está instalada há dois anos a Bioware. A empresa, formada por três sócios, nasceu do projeto de biodiesel do pesquisador e engenheiro químico José Dilcio Rocha, 39. O combustível é feito a partir do refugo industrial da cana-de-açúcar, pó-de-serra e capim, entre outros, e começará a ser vendido neste mês.
"Somos aprendizes de empresários com grande conhecimento técnico. Para ser pesquisador no Brasil é preciso acreditar que o país tem potencial", diz Rocha. O conhecimento "extremamente especializado", com pós-doutoramento no exterior, afastou o pesquisador do mercado. "Nas vagas me diziam que eu era fantástico, mas não tinham dinheiro para a minha formação." A solução foi criar uma empresa própria. "O que impulsiona nossa carreira é a capacidade de criar." (AR)


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