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AGRONEGÓCIOS
Salários para pesquisadores vinculados ao agronegócio passam dos R$ 7.000 nas
empresas de grande porte
Pesquisa de alta tecnologia tem forte demanda e remunera bem
Matuiti Mayezo/Folha Imagem
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ENSAIO Em meio a equipamentos, cientista da Embrapa produz pesquisa mirando o desenvolvimento da agropecuária em todo o país
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nem nos escritórios das grandes cidades, nem no meio rural.
Trabalhar com agronegócios em
laboratórios de alta tecnologia,
cercado por tubos de ensaio, microscópios e computadores é uma
opção rentável para os cientistas
da agropecuária.
Quem optar por esse caminho
pode trabalhar tanto no setor público como no privado. No público, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) domina a cena, sendo um dos maiores centros mundiais de pesquisa
no setor, com 2.200 pesquisadores (54% de doutores e 42% de
mestres). Os salários iniciais giram em torno de R$ 2.600.
"Exigimos um alto nível de qualificação. O ideal é que o candidato tenha dedicação ao estudo, boa
preparação para pesquisa científica e ampla visão de agronegócio",
diz o coordenador de planejamento e desenvolvimento de recursos humanos da Embrapa, José Prado Fonseca Filho. "Mas o
principal é que o profissional não
tenha um olhar verticalizado e veja a inserção da pesquisa também
no ambiente e no social."
Na iniciativa privada, o salário é
o principal atrativo. Não é à toa
que os laboratórios da Embrapa
perdem profissionais de alto nível
para grandes empresas, que têm
condições de oferecer remunerações a partir de R$ 7.000 para os
mais gabaritados. A evasão do setor público para o privado dobrou
nos últimos anos e hoje é de 5%.
O perfil do pesquisador científico, segundo Prado, está se alterando, conciliando juventude e
alta capacitação. "Estamos de
olho naqueles indivíduos que tenham publicação científica já na
faculdade e que sejam jovens. Isso
revela a opção pela carreira científica ainda na graduação", analisa.
Outro caminho é o próprio
cientista se tornar empresário para capitalizar seus conhecimentos. Na Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp),
por exemplo, está instalada há
dois anos a Bioware. A empresa,
formada por três sócios, nasceu
do projeto de biodiesel do pesquisador e engenheiro químico José
Dilcio Rocha, 39. O combustível é
feito a partir do refugo industrial
da cana-de-açúcar, pó-de-serra e
capim, entre outros, e começará a
ser vendido neste mês.
"Somos aprendizes de empresários com grande conhecimento
técnico. Para ser pesquisador no
Brasil é preciso acreditar que o
país tem potencial", diz Rocha. O
conhecimento "extremamente
especializado", com pós-doutoramento no exterior, afastou o pesquisador do mercado. "Nas vagas
me diziam que eu era fantástico,
mas não tinham dinheiro para a
minha formação." A solução foi
criar uma empresa própria. "O
que impulsiona nossa carreira é a
capacidade de criar."
(AR)
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