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EDUCAÇÃO
Demanda por conhecimento específico incentiva mercado de educadores
no ensino superior
Trabalho superespecializado leva
setor a dar 'lição de crescimento'
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Os profissionais da área de educação não terão do que reclamar
na próxima década, se depender
das projeções do Inep (Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais, ligado ao MEC) e
dos prognósticos dos especialistas. A expansão do ensino médio
e a procura crescente por pós-graduação são os dois principais propulsores do segmento.
A competição por uma vaga no
mercado de trabalho colocou fermento no nicho da educação empresarial e das especializações
-obrigando o setor a ampliar
seu leque de atuação.
Pesquisa da CM, consultoria especializada em planejamento e
gestão universitária, com 86 instituições (na maioria particulares)
de 12 Estados, mostrou que praticamente 100% delas pretendem
abrir novos cursos nos próximos
anos. E só 37,21% planejam fazê-lo em áreas tradicionais.
"Existem escolas que têm coragem de buscar a inovação e estão
criando cursos de curta duração
voltados para áreas emergentes",
afirma Carlos Antonio Monteiro,
presidente da CM. "É um mercado muito promissor", avalia.
Os novos cursos englobam de
tecnologia na área de saúde a gestão ambiental. "O mercado está
precisando de profissionais para
as áreas novas", diz Monteiro.
O Senac é um exemplo. "Estamos sempre pesquisando os nichos do mercado", diz Eduardo
Ehlers, diretor de extensão, que
destaca as áreas de gestão cultural, turismo, estética e bem-estar.
Ensino superior
Para Roberto Leher, diretor da
regional Rio de Janeiro do Andes
(Sindicato Nacional dos Docentes
das Instituições de Ensino Superior), professor da UFRJ e pesquisador do laboratório de políticas
públicas da UERJ, outro fator que
vai ajudar a impulsionar a área é a
pressão por mais vagas -e, conseqüentemente, mais professores- no ensino superior.
De acordo com ele, o número de
jovens universitários no Brasil
ainda é muito pequeno. "Deverá
haver uma grande pressão por expansão, considerando que o volume de alunos que saem do ensino
médio vem crescendo."
A cada ano, 2,2 milhões de estudantes concluem o antigo segundo grau. Por outro lado, de cada
100 jovens brasileiros de 18 a 24
anos, só 9 estão matriculados no
ensino superior. É o menor desempenho da América do Sul, cuja média é de 35 em cada 100, segundo o Inep. A meta do MEC
(Ministério da Educação) é atingir 30% até 2011.
E-learning
O cenário vai gerar postos para
docentes em universidades, educação corporativa e e-learning
(ensino a distância). "As escolas
presenciais não vão conseguir, sozinhas, suprir a demanda de vagas
que está por vir. A educação a distância é a saída", diz Fredric Litto,
presidente da Abed (Associação
Brasileira de Educação a Distância) e coordenador científico da
Escola do Futuro, da USP.
Segundo ele, cerca de 3 milhões
de pessoas usam hoje o ensino a
distância -1,9 milhão só nas empresas. "E, na próxima década, as
instituições mais importantes do
país vão precisar mesclar as aulas
presenciais com o e-learning e
oferecer as duas opções aos alunos. Eles é que vão escolher."
Fundamental
Mas há oportunidades em outros níveis também. De acordo
com o Inep, existe um déficit de
254 mil professores com formação superior e licenciatura para
atender à demanda das turmas de
ensino médio e de 5ª a 8ª série do
nível fundamental no país.
Até 2006, a estimativa do MEC é
que sejam abertas 125 mil vagas
somente no ensino médio. De
olho nas perspectivas, o engenheiro Luis Fernando Pereira, 39,
cursa mestrado em administração de empresas para virar professor. "É uma carreira que respeita a experiência, há pessoas ativas com mais de 80 anos, diferentemente do que acontece em outras profissões", afirma.
(RGV)
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