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Ameaça a juízes faz candidato repensar opção
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ela foi estagiária em um
presídio e sonhava ser promotora de Justiça de uma
vara de execuções criminais.
Não quer mais. Agora, diz
que será advogada de empresas, na área comercial.
O que mudou não foi o sonho, nem o ideal, diz Luciana Tudisco, 22, que se formou em dezembro. Foi o
medo que ficou mais forte.
Os assassinatos de juízes
que lidavam diretamente
com o direito penal e com
criminosos -Alexandre
Martins de Castro Filho, da
Vara de Execuções Penais de
Vitória (ES), e o juiz-corregedor de Presidente Prudente (SP), Antonio José Machado Dias- tornaram-se tema
constante em cursinhos preparatórios para concursos.
"Perdi o gosto pelo direito
penal depois do que aconteceu. É uma inversão de valores, não compensa", afirma.
A advogada Tatiana Bescio
Telles, 22, que estuda para
concursos, conta que, depois
de aprovada, se puder escolher, evitará a área criminal.
"Sou apaixonada por direito
penal, mas estou com um
pouco de medo", revela.
Para Solange Gonçalves,
30, que quer ser juíza, os
eventos dão mais força para
insistir. "Eu sempre soube
dos riscos, só não tinha a dimensão deles." O bacharel
Gustavo Pinheiro, que foi
aluno da mulher de Machado Dias, em Presidente Prudente, e quer ser juiz federal,
concorda. "Dá medo, não há
segurança, mas não desisto."
Em cursinhos, professores, alguns deles juízes, dedicaram aulas inteiras ao assunto. "Foi até bom, pois alguns dos outros candidatos
desistiram. Mas quem tem
um ideal de justiça não se
desvia", afirma Sylvia Helena de Barros, 23, que tentará
concurso para magistratura.
O penalista Damásio de Jesus, que tem um cursinho,
diz que é muito pequeno o
número de alunos que pensam de fato em desistir.
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