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São Paulo, domingo, 09 de março de 2003

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Maioria procura emprego de forma errada

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Montar um currículo, enviá-lo a algumas empresas e aguardar a resposta. Em uma cidade como São Paulo, na qual a taxa de desemprego chega a bater os 18%, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), isso é suficiente para conseguir uma recolocação profissional? Não.
A resposta parece óbvia, mas, segundo pesquisa do Grupo Catho, a maioria das pessoas procura emprego da forma errada.
O trabalho mostra, em números, onde estão essas falhas. Dos 13.616 profissionais que responderam ao questionário, em janeiro deste ano, apenas 14% disseram ter elaborado um dossiê com exemplares de seu trabalho ou ter feito algum tipo de preparação. Simular uma entrevista com outra pessoa foi algo que apenas 18% dos entrevistados puseram em prática, e somente 25% leram algum livro sobre o assunto.
A pesquisa também indica que os candidatos dedicam relativamente pouco tempo à procura de emprego: média de 18 horas semanais. "Não existe uma quantidade de horas ideal", afirma Silvana Case, vice-presidente da Catho, "mas as pessoas que estão fora têm de trabalhar tanto quanto as que estão dentro de uma empresa, pois estão em busca de seu próprio benefício".
De acordo com ela, se a pessoa ler vários jornais, pesquisar na internet, enviar currículos e realizar um trabalho de prospecção sobre empresas-alvo, trabalhará no mínimo sete horas por dia.
Outro problema é que muitos aproveitam o momento para tirar férias. As indenizações recebidas por desligamento costumam variar de R$ 4.200 a R$ 127,5 mil, o que equivale a quase oito vezes o valor do último salário recebido. A aparente folga financeira leva os profissionais demitidos a adiarem a busca por emprego.
"No começo, a gente ainda tem como se manter, então não se preocupa muito", afirma o operário Edison de Souza, 27, que só foi procurar emprego após cinco meses sem trabalhar. "Antes, se aparecesse, eu ia. No fim, só perdi tempo e, quando fui ver, acabou tudo e começou o desespero."
O "se aparecer, eu vou" é outra armadilha perigosa. Conforme a pesquisa, apenas 3,54% dos profissionais receberam uma abordagem espontânea para entrevista. Portanto, nesse assunto, é melhor não depender da sorte.
O ideal é lançar mão de todas as armas possíveis -e em grande quantidade. Responder a anúncios de jornais, por exemplo, é algo que a maioria dos entrevistados (65%) faz. Porém, desses, 93,6% respondem a dez ou menos anúncios por semana -o que diminui as chances de retorno.
Um aliado que tem sido pouco usado na luta contra o desemprego é o "networking". Segundo consultores, estabelecer uma rede de contatos é uma das formas mais eficazes de conseguir entrevistas. Entretanto, o método só é utilizado por 29,5% das pessoas.



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