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DÁ IBOPE?
Benefício inovador nem sempre emplaca
DA REDAÇÃO
Evitar as expressões de aborrecimento da equipe durante um
treinamento na selva ou que a
academia interna superequipada
fique às moscas não depende exclusivamente de ter funcionários
com senso de humor ou que adorem a prática de exercícios.
"Comunicação é a palavra-chave para que a empreitada tenha
sucesso. Se os organizadores não
divulgarem, explicarem o sentido
do que foi proposto e estimularem o uso, correm o risco de ver o
investimento correndo pelo ralo."
O alerta vem de Paulo Paixão
Gomes, 38, líder da área de comunicação estratégica da Mercer Human Resources, consultoria especializada em benefícios.
Uma das orientações dadas aos
clientes com interesse em implantar novidades "criativas" é que o
benefício esteja associado à estratégia de negócios da empresa.
"Não adianta seguir tendências
de recursos humanos se o volume
de utilização não compensa os
gastos. Além da felicidade do empregado, é preciso pelo menos
manter a produtividade."
E, dependendo do projeto, os
custos não são baixos. A Locaweb,
por exemplo, investiu R$ 25 mil
para montar seu espaço de convivência. "Criamos um ambiente
especificamente voltado para o lazer, pois acreditamos que a qualidade do trabalho depende de funcionários tranquilos," explica
Cristian Alejandro Gallegos Vasquez, 27, assistente de marketing.
"Mas ficamos preocupados
agora com a Copa, pois os jogos
podem desviar a atenção, e nós
não queremos ter nosso atendimento prejudicado", completa.
Entre pavões
A cultura da empresa também
não deve ser esquecida. Geralmente as companhias que dão benefícios para "consumo" no local
de trabalho são as que valorizam a
produção de resultados em vez do
cumprimento de horários.
"Como nossa preocupação não
é quanto tempo o colaborador fica sentado trabalhando, os novos
contratados têm de passar por um
processo de aculturação para utilizar bem essa liberdade", diz Rosimarilane Yonamine, 42, gerente
de RH da Merck Sharp & Dohme,
do ramo farmacêutico, que oferece academia e massagem.
"Essas inovações são uma forma de compensar as longas jornadas e a necessidade de trabalhar
até em finais de semana", acredita
Decio Vaz, 23, assistente de comunicação corporativa da agência de propaganda J. Walter
Thompson. A agência tem, na entrada do prédio, um jardim com
dez pavões verdadeiros e bancos
para que os funcionários relaxem.
Fila para o shiatsu
Empresas tradicionais também
podem ter essas opções. "Isso é
válido desde que fique claro para
a equipe quais são as regras de uso
e os valores da organização", avalia Adriana Gomes, da Catho.
"O problema é que aprendemos
que é preciso trabalhar o tempo
todo. Faz parte da nossa cultura",
diz Frederico Fialho, 34, coordenador da Sara Lee Cafés do Brasil.
Há seis meses, a empresa contratou um massoterapeuta e instituiu o shiatsu para todos os funcionários, e ele conta que teve dificuldade na adaptação.
"No início me sentia constrangido, não estava acostumado a essas regalias. Pensar que você pode
parar o que está fazendo e relaxar
é complicado. Você não se sente
muito à vontade", conta.
Pelo lado do empregador, também surgiram dúvidas. Elizabeth
Grossman, diretora de RH da
companhia, conta que houve temor quanto ao uso do benefício.
"Tive receio de uma sub ou de
uma superutilização do shiatsu.
No começo, tivemos de estimular
os funcionários por meio dos médicos do ambulatório. Depois, até
houve dias com fila, mas chegamos a um ponto de equilíbrio."
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