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Desempregados sofrem ainda mais na crise
FLÁVIA MARREIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Se as incertezas de 2002 atingiram o mundo dos "headhunters",
envolveram ainda mais de perto a
sua "caça", ou seja, os profissionais -sobretudo os que estão
atualmente fora do mercado.
Bons nomes que contabilizavam sucesso na carreira a partir
dos inúmeros telefonemas recebidos dos caçadores de talento passaram a fazer o movimento inverso: correr atrás dos "hunters".
"Eles localizam muito mais facilmente quem está num emprego", diz Paulo de Sousa, 41, gerente-geral da Intertelhas, que recebeu um telefonema de um
"headhunter" quando estava empregado. Ao perder a vaga, foi em
busca dos profissionais: foram
mais de 30 nomes até o emprego
atual, que aceitou por um salário
mais baixo, por conta da crise.
Fábio Pereira, 28, da consultoria
Michael Page, atribui o fenômeno
a um "preconceito do mercado".
"Acredita-se ser melhor profissional quem conseguiu garantir o
emprego", explica Pereira.
Mas para Winston Pegler, 57,
presidente da Ray & Berndtson
do Brasil, o fenômeno é natural:
"Vem dos próprios clientes essa
solicitação de maior cuidado com
quem está desempregado, que
passa por uma avaliação ainda
mais rigorosa até ser escolhido".
O conselho dos consultores para os que estão sem emprego é
que busquem o "caderninho"
pessoal de telefones. Mas lembram: é preciso ter bom senso,
não ser inconveniente nem demonstrar ansiedade demais.
Perfil procurado
Empregado ou à procura de colocação, é possível fazer uma radiografia das oportunidades para
executivos em 2002? Há um perfil
procurado nos períodos de crise?
Não há números precisos para a
análise. Pelo exemplo da consultoria Towsend, a área que mais
procurou preencher vaga ou
substituir posições foi a industrial
-1.056 processos de contratação
para cargos de gerência a altos
executivos no ano passado.
"Profissionais da área financeira são mais procurados", afirma
Márcio Miranda, 33, diretor de
"headhunters" da Towsend. Segundo ele, profissionais para funções mais especializadas sofrem
menos com a crise.
Adelaide Du Plessis, da DPS
Consult, concorda: "Trabalhamos muito mais posições da área
financeira no ano passado".
Já Fatima Zorzato, da Russell
Reynolds, discorda da análise.
Apesar de detectar esse movimento no mercado, ela defende
que é cada vez maior o número de
empresas que não segue o princípio mais comum de contratar
pessoas para a área financeira ou
especializadas em corte de gastos.
"As empresas já avaliam que,
mais do que a função, precisam
de pessoas inovadoras e com faro
para detectar oportunidades."
Pegler alinha-se à posição de
Zorzato: "Nós tínhamos um cargo de presidente para preencher,
e a empresa queria alguém com
visão financeira. Fizemos com
que enxergassem que precisavam
de alguém para perceber as oportunidades de expansão que estavam perdendo", diz o consultor.
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