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A EMPRESA E EU
Fidelidade dá vez ao vôo próprio
Executivo admira a companhia onde atua, mas já vê carreira desvinculada do cargo; maior desafio é planejar os passos futuros
A fidelidade do profissional
à empresa -ou vice-versa- está em extinção, dizem os analistas. "Se antes a meta
era quase que somente crescer na
companhia, hoje o profissional
quer crescer no mercado. E as
portas das empresas estão abertas
a quem traz resultados", afirma o
americano radicado no Rio Paul
Dinsmore, um dos maiores especialistas em gestão de projetos
corporativos do país, com 11 livros publicados sobre o assunto.
Rodrigo Forte, gerente da consultoria inglesa de recrutamento
especializado Michael Page, concorda. "Hoje os profissionais são
contratados por projeto, não existe mais aquela fidelidade de antigamente, aquele "casamento"."
Questionada sobre o assunto,
quase metade dos entrevistados
pelo Datafolha disse acreditar que
permanecerá, no máximo, cinco
anos em suas empresas.
Por isso planejar a própria carreira vem ganhando cada vez
mais importância. "O primeiro
passo de um projeto de carreira é
fixar uma missão de vida. Depois,
há que se definir uma visão de futuro: quais são seus objetivos para
os próximos seis meses, dois
anos, sete anos", diz Dinsmore.
Na prática, porém, a tarefa não é
tão simples. "Os profissionais de
posições seniores perguntam-se:
"para onde vou crescer?'", conta
Rodrigo Forte. Segundo ele, é difícil ter um plano de carreira no
Brasil, "onde as variáveis são inúmeras, mas falta objetivo da parte
dos profissionais também".
Visão da empresa
Os resultados do Datafolha
mostram que, apesar de ter noção
de que não pode manter a carreira
vinculada só à empresa onde atua,
o executivo a vê com bons olhos.
A credibilidade da companhia no
mercado recebeu a nota mais alta
(9,2) entre os aspectos analisados.
Se pudessem escolher, 63% não
trocariam o seu emprego atual.
Mas também há críticas. A consultoria Roland Berger listou as
reclamações mais frequentes dos
executivos com relação às empresas. A campeã foi a falta de comunicação, quesito que teve nota
média 7,6 no Datafolha (a quarta
entre seis aspectos avaliados).
A comunicação é a prática mais
valorizada nas cem melhores empresas do ranking do Instituto
Great Place to Work no Brasil. O
órgão, fundado por Robert Levering nos Estados Unidos, estuda o
ambiente e os aspectos culturais
das companhias. Do total de pesquisados pelo Datafolha, 43% criticam a estrutura das empresas.
A nota média mais baixa foi para o incentivo aberto aos jovens
talentos internos -6,2.
Marco Aurélio Cardoso, gerente
de risco da Alcan, é uma exceção.
Aos 31 anos, ele afirma ver grandes perspectivas de crescimento
na empresa. "Não posso dizer que
não tenha oportunidades aqui.
Tenho muita autonomia para fazer reestruturações no meu setor", conta. Para os entrevistados
pelo Datafolha, porém, a falta de
autonomia foi a terceira reclamação mais citada (14%) em relação
à estrutura das empresas.
(RGV)
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