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PÓS & MBA
Programas setorizados agregam saber, mas nem todos se baseiam em gestão empresarial
Escolas abusam da sigla para seduzir alunos
FREE-LANCE PARA A FOLHA
MBA virou moda. As três letrinhas se reproduziram e pululam
nas instituições de ensino brasileiras. Mas a maior parte dos novos cursos não é "puro sangue". O
conteúdo mistura gestão com tópicos de searas que vão de agronegócios a qualidade de vida, passando por gerenciamento de
shoppings e até design de moda.
Em princípio, agregam conhecimento, avaliam especialistas, mas
poderiam dispensar a sigla.
Danute Garziulis, da Spencer
Stuart, identifica uma "generalização do termo". A denominação
"MBA", diz, é usada de forma inapropriada. "Os programas com
nível de pós estão sendo lançados
no mercado como "MBAs". Há
universidades que deram uma repaginada nos cursos para rebatizá-los com a sigla, que tem apelo."
John Schulz, da BBS, também
percebe modismo: "As pessoas
viram que a sigla é muito popular.
Tem curso que se chama "MBA
em estilismo". Um curso como esse não prepara a pessoa para fazer
nada além de ser estilista. Não é
que seja ruim, mas não forma
mestres em "business'", distingue.
Embora não descarte de imediato currículos que listem
"MBAs em", Danute Garziulis revela certa reserva. "MBA bem-feito não precisa ser direcionado."
Os "masters" de gestão com foco setorial atendem à necessidade
decorrente do aumento da concorrência e da conseqüente exigência de especialização, analisa
Paulo Lemos, da FGV. "A tendência é a especialização. Há uma
massa de pessoas que já fizeram
gestão empresarial e vão para um
MBA segmentado, que é válido,
apesar do escopo limitado", defende. "Gestão de hospitais, por
exemplo, é algo complexo. O curso tem base de gestão empresarial
e um terço do conteúdo dedicado
ao segmento."
Jorge Antunes, 48, diretor da
franquia Mundo Verde, optou
por outro nicho. "Estou estudando a evolução do terceiro setor no
Brasil, [ ] a economia desse segmento", conta ele, que faz MBA em
responsabilidade social na UFRJ.
Público e qualidade
Pedro Carvalho de Mello, da
FGV, lembra que o público, formado por executivos, é "muito seleto e altamente demandante"
quando a questão é a qualidade
dos cursos. A exigência dos alunos, avalia, determinará o sucesso
ou o fracasso das novidades.
Danute Garziulis também diz
que o executivo brasileiro é informado, atento e curioso. "As escolas estão competindo por eles e isso deve regular o nível dos cursos." Ela entende que a escolha do
programa se faz pelo sentido que
o profissional pretende imprimir
à carreira.
(JG)
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