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EMPREGO PELOS ARES
Fora do setor aéreo, profissional usa aparência e domínio de idiomas para atuar em hotéis e lojas
Comissária "desembarca" em joalheria
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Sem emprego nas companhias
aéreas, comissários de bordo com
e sem experiência profissional
têm buscado colocações alternativas em hotéis, joalherias e navios.
A categoria é a que enfrenta a
pior situação no setor, em razão
da grande oferta de mão-de-obra.
Segundo o SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), há cerca de
30 mil profissionais certificados
pelo DAC sem vaga na aviação.
Em 2002, 17 escolas de comissários foram abertas -107 instituições oferecem o curso no país.
A reconfiguração das tripulações, reduzidas ao mínimo exigido -um comissário por porta do
avião-, colaborou para o encolhimento dos postos de trabalho
nas companhias tradicionais sem
que as novas empresas pudessem
absorver todos os demitidos.
A Gol, que começou a operar
em janeiro de 2001, diz que admitiu 135 comissários em suas três
últimas seleções -21% novatos,
36% da Rio Sul (grupo Varig),
16% da Vasp, 11% da Varig, 7% da
Transbrasil (que encerrou operações em dezembro de 2001), 6%
da TAM e 3% das demais. Do total
de comissários em exercício, 58%
vêm de outras empresas.
Mas o problema não se restringe à redução de postos. "Na Vasp,
por exemplo, os comissários antigos foram substituídos por outros
com salários menores", diz a presidente do SNA, Graziella Baggio.
Segundo ela, o comissário mais
antigo da Vasp está lá há cinco
anos. A empresa teria o menor salário inicial entre as grandes
-cerca de R$ 500 fixos mais valor
por quilometragem. Procurada, a
Vasp não quis se manifestar.
Noite na pousada
Demitida da empresa em fevereiro, Sara Spier, 35, comissária
desde 1991, levou somente 13 dias
para conseguir outro emprego.
Em que companhia? Na joalheria
Vivara, como vendedora.
Só nessa rede, desde 2001, foram
contratadas 20 ex-comissárias.
Segundo a empresa, elas levam
vantagem, pois sabem inglês, têm
boa aparência e atendem bem.
Mordomo de um hotel nos Jardins desde outubro de 2002, Alexandre Aveiro, 33, revela que ganha um terço do que recebia como comissário, mas com a vantagem de ter agora um plano de
saúde. "O glamour acabou na
aviação. Antes ficava em bons hotéis, tinha um uniforme legal, com
tecido decente. No final, estava
dormindo até em pousada."
Entre os que se formaram e estão sem vaga, está Maurício Gomide de Castro, 18, ex-trainee da
TAM. "Estou distribuindo currículos em hotéis." Já Mônica Garcia de Moraes, 22, conta que fez o
curso de comissária em 1999 e foi
estudar fora para ter fluência no
inglês. "Voltei e encontrei um
mercado desanimador. Fui ser
garçonete em navio." Agora, faz
curso técnico de hotelaria.
(BL)
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