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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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EM BUSCA DE RUMO

Somente no CIEE, há 600 mil estudantes à espera de uma oportunidade; entre aqueles que conseguem, 49% são efetivados

Estágio encurta busca, mas falta vaga

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Para quem não possui experiência, o tipo de trabalho de "estréia" no mundo profissional não tem tanta importância, contanto que aconteça. Como estagiário, aprendiz ou funcionário, o que mais conta é a oportunidade.
Estudantes a partir do ensino médio -há 8,7 milhões matriculados nesse nível, segundo o Ministério da Educação- encontram no estágio a melhor alternativa. "O Ministério do Trabalho não deveria oferecer só emprego para esse universo de estudantes, se pode investir em oportunidades de estágio", afirma Eduardo Rios-Neto, professor da UFMG.
Mesmo entre esse público a concorrência assusta. O CIEE conta com pelo menos 600 mil cadastrados à espera de sua chance.
Cristiano Almudi, 21, estudante do terceiro ano de administração da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), procura estágio há um ano. Para aumentar as chances de conseguir uma vaga, mudou de período, para o noturno. "A concorrência é enorme. Meu perfil até se encaixa no que as empresas querem, mas não é só isso que conta, não depende só de mim. É uma luta."
Christina de Paula Leite, 58, coordenadora do Cecop (Coordenadoria de Estágios e Colocação Profissional) da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas), diz que, como os candidatos a estágio têm perfis semelhantes, o desempate se dá nos diferenciais. "As experiências pessoais pesam muito: se já foi voluntário, se fez intercâmbio. Incentivamos nossos alunos a desenvolver essas características."

Estratégia
Além de positivo para estudantes, o estágio beneficia companhias, por estarem livres dos encargos trabalhistas, mas não é só. "Funciona como estratégia de profissionalização, um investimento interessante por moldar o profissional", diz Luiz Gustavo Coppola, 37, gerente nacional de relações externas do CIEE.
"Ainda são poucas as empresas com estágio. Quando se estuda inserir jovens no mercado, não se pode esquecer de projetos bem-sucedidos, como o estágio", emenda Luiz Gonzaga Bertelli.
Entre as empresas que têm esse tipo de programa, nem sempre o estudante é contratado. Pesquisa do CIEE de março deste ano feita com 626 ex-estagiários mostra que 49% foram contratados. Entre os que conseguiram um emprego, não necessariamente na empresa em que estagiaram, o número sobe para 56,7%.
O índice não é considerado baixo. O problema é conseguir chegar à contratação. "O estudante tem de demonstrar que tem garra, que pode agregar valor à empresa e que se identifica com ela. Mas, em épocas de crise, nem sempre há a efetivação", diz Leite.
O programa Meu Primeiro Trabalho, da Sert (Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do Estado de São Paulo), tem como foco candidatos a estágio, com idade entre 16 e 21 anos, que estão no ensino médio da rede estadual.
Os estagiários recebem bolsa de R$ 130, sendo que o Estado banca R$ 65 mais o seguro de vida.
A outra metade, assim como o vale-transporte, fica sob responsabilidade da empresa. "Fazemos com que eles tenham uma visão participativa do mundo do trabalho", diz o secretário, Francisco Prado de Oliveira Ribeiro.
Hoje 5.215 jovens participam do programa no Estado. Segundo a Pesquisa Mensal de Emprego de março, divulgada pelo IBGE na sexta, a região metropolitana de São Paulo tem 560 mil desocupados com idade entre 15 e 24 anos.
Tornar-se empreendedor e abrir o primeiro negócio não deixa de ser uma opção viável.
"A geração de empregos está diretamente ligada a pequenas e micro empresas. Tem de haver incentivo na estruturação das pequenas, porque as grandes não têm como absorver a mão-de-obra", afirma Leite. Na Eaesp, 10% dos formandos do ano passado abriram empresas. (PL)


Informações - Sert: www.meuprimeirotrabalho.sp.gov.br/.


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