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EM BUSCA DE RUMO
Somente no CIEE, há 600 mil estudantes à espera de uma oportunidade; entre aqueles que conseguem, 49% são efetivados
Estágio encurta busca, mas falta vaga
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Para quem não possui experiência, o tipo de trabalho de "estréia" no mundo profissional não
tem tanta importância, contanto
que aconteça. Como estagiário,
aprendiz ou funcionário, o que
mais conta é a oportunidade.
Estudantes a partir do ensino
médio -há 8,7 milhões matriculados nesse nível, segundo o Ministério da Educação- encontram no estágio a melhor alternativa. "O Ministério do Trabalho
não deveria oferecer só emprego
para esse universo de estudantes,
se pode investir em oportunidades de estágio", afirma Eduardo
Rios-Neto, professor da UFMG.
Mesmo entre esse público a
concorrência assusta. O CIEE
conta com pelo menos 600 mil cadastrados à espera de sua chance.
Cristiano Almudi, 21, estudante
do terceiro ano de administração
da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), procura estágio há um ano. Para aumentar as chances de conseguir
uma vaga, mudou de período, para o noturno. "A concorrência é
enorme. Meu perfil até se encaixa
no que as empresas querem, mas
não é só isso que conta, não depende só de mim. É uma luta."
Christina de Paula Leite, 58,
coordenadora do Cecop (Coordenadoria de Estágios e Colocação
Profissional) da FGV-Eaesp (Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas), diz que, como os
candidatos a estágio têm perfis semelhantes, o desempate se dá nos
diferenciais. "As experiências
pessoais pesam muito: se já foi voluntário, se fez intercâmbio. Incentivamos nossos alunos a desenvolver essas características."
Estratégia
Além de positivo para estudantes, o estágio beneficia companhias, por estarem livres dos encargos trabalhistas, mas não é só.
"Funciona como estratégia de
profissionalização, um investimento interessante por moldar o
profissional", diz Luiz Gustavo
Coppola, 37, gerente nacional de
relações externas do CIEE.
"Ainda são poucas as empresas
com estágio. Quando se estuda
inserir jovens no mercado, não se
pode esquecer de projetos bem-sucedidos, como o estágio",
emenda Luiz Gonzaga Bertelli.
Entre as empresas que têm esse
tipo de programa, nem sempre o
estudante é contratado. Pesquisa
do CIEE de março deste ano feita
com 626 ex-estagiários mostra
que 49% foram contratados. Entre os que conseguiram um emprego, não necessariamente na
empresa em que estagiaram, o
número sobe para 56,7%.
O índice não é considerado baixo. O problema é conseguir chegar à contratação. "O estudante
tem de demonstrar que tem garra,
que pode agregar valor à empresa
e que se identifica com ela. Mas,
em épocas de crise, nem sempre
há a efetivação", diz Leite.
O programa Meu Primeiro Trabalho, da Sert (Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho do
Estado de São Paulo), tem como
foco candidatos a estágio, com
idade entre 16 e 21 anos, que estão
no ensino médio da rede estadual.
Os estagiários recebem bolsa de
R$ 130, sendo que o Estado banca
R$ 65 mais o seguro de vida.
A outra metade, assim como o
vale-transporte, fica sob responsabilidade da empresa. "Fazemos
com que eles tenham uma visão
participativa do mundo do trabalho", diz o secretário, Francisco
Prado de Oliveira Ribeiro.
Hoje 5.215 jovens participam do
programa no Estado. Segundo a
Pesquisa Mensal de Emprego de
março, divulgada pelo IBGE na
sexta, a região metropolitana de
São Paulo tem 560 mil desocupados com idade entre 15 e 24 anos.
Tornar-se empreendedor e
abrir o primeiro negócio não deixa de ser uma opção viável.
"A geração de empregos está diretamente ligada a pequenas e micro empresas. Tem de haver incentivo na estruturação das pequenas, porque as grandes não
têm como absorver a mão-de-obra", afirma Leite. Na Eaesp,
10% dos formandos do ano passado abriram empresas.
(PL)
Informações - Sert: www.meuprimeirotrabalho.sp.gov.br/.
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