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Piscina com história
Nadadores melhoram rendimento à medida que envelhecem quando técnica é aperfeiçoada com o tempo
LIZ ROBBINS
DO "NEW YORK TIMES"
Dara Torres, a nadadora olímpica de abdome escultural aos 41
anos, obteve três medalhas de prata em Pequim e
provou que, para os atletas de
elite, envelhecer não quer dizer
perder velocidade na água.
E mesmo fora das fileiras de
elite, os nadadores com 40 anos
ou mais obtêm velocidades
mais altas hoje do que seus predecessores alguns anos atrás.
Pesquisadores da Universidade de Indiana constataram
que a população de nadadores
master, composta por 42,5 mil
atletas entre 18 e mais de 100
anos, se tornou mais rápida na
água nos últimos 20 anos, e isso
em todas as faixas etárias dos
25 aos 55 anos, de acordo com
Joel Stager, diretor do estudo.
"A técnica supera o condicionamento", diz Stager. "A água é
um equalizador". A razão para
tanta velocidade é a mecânica
melhorada das braçadas e os
métodos de treinamento que
enfatizam a intensidade.
À medida que envelhecem, as
pessoas perdem massa muscular e capacidade cardiovascular, com declínios da ordem de
1% a 1,5%. Mas, para quem se
exercita regularmente, o ritmo
de declínio é mais lento.
Os nadadores compensam a
perda porque a água responde à
proficiência técnica e porque o
esporte não envolve arcar com
peso. "As pessoas são capazes
de se tornarem mais velozes, a
despeito de serem 10 ou 20
anos mais velhas do que quando começaram", diz Stager.
Técnicas de braço e mão
Stanley Shechter, 75, ainda
tenta dominar o golfinho (movimento subaquático com as
pernas que dá velocidade ao
atleta e agora é permitido nas
competições), mas encontrou
um movimento alternado com
as pernas que lhe parece mais
efetivo. Shechter, que integra
uma equipe master em Nova
York, descobriu, além disso,
que o posicionamento das
mãos durante o mergulho pode
ajudar a reduzir os tempos.
Quando mergulha, ele posiciona as mãos uma sobre a outra,
com os dedos unidos para evitar o arrasto, da maneira que
lhe foi ensinada por Patrick
Cantrell, o seu técnico.
Shechter estende os braços,
mantendo-os perto dos ouvidos, e mantém a posição, sob a
água. "É difícil manter os braços estendidos por tanto tempo", diz. "Mas funciona."
O nadador atribui sua melhora aos cinco dias semanais de
treino, ainda que ele se cuide
para não forçar. A abordagem
também representa um método derivado do empregado pelos atletas de alto desempenho.
Técnicos e nadadores descobriram que menos pode ser mais,
especialmente para eventos
com distância máxima de 100
metros. Em 2003, Shechter fez
tempo de 1min23s46 nos 100
metros livres do torneio nacional de masters. Em maio, venceu a categoria 75 a 79 anos das
100 jardas (cerca de 91 m) em
1min12s67.
Voltando o relógio
Nem todo nadador com mais
de 40 anos é capaz de bater recordes. Para muitos, manter a
forma é o que mais importa.
Andy Weiss tem cabelos
brancos espessos e uma cicatriz
de cirurgia de ponte de safena
no peito, mas não aparenta
seus 87 anos. "Muita gente me
chama de maluco", diz Weiss,
que nada três vezes por semana, uma hora por dia. "Sinto-me maravilhoso após nadar".
Ele conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata no
campeonato nacional norte-americano de maio, mas diz
que o que o atrai é o poder revitalizador da água. Suas dicas
para melhorar?
"Não fume, encontre um
bom técnico, durma o suficiente", afirma, antes de acrescentar, rindo: "E não fique velho".
A idade não prejudicou Marie Kelleher. Ela nada quatro
dias por semana na Virgínia, registrando 800 metros por dia
em estilos alternados. Aos 95
anos, ela venceu sua categoria
etária no torneio regional de
masters em fevereiro, com
tempo de 3min02s75 para as
100 jardas em estilo livre. "Comecei a nadar porque queria
manter a forma", conta. "Enquanto conseguir ir de carro à
piscina, continuarei nadando".
Ela ficou impressionada, se
bem que não exatamente inspirada, com os resultados de Torres em Pequim. "Qual é a idade
dela, mesmo?", perguntou.
Quando informada de que a
nadadora tinha 41 anos, ela riu
e disse: "Bem, tenho mais que o
dobro dessa idade".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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