|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES / SÃO PAULO
Eleição pode favorecer planos de tucano na disputa à Presidência
Campanha de Marta abordará problemas na área da segurança
PT já vê Alckmin como "anti-Lula" em 2006
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Além de disputa "sangrenta",
como previu uma das partes, os
programas de TV no segundo turno da eleição paulistana dedicarão parte de seu tempo a uma discussão que tem muito a ver com a
sucessão presidencial de 2006.
Com razão, o PT desconfia que
o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), já planta as
sementes de novo "anti-Lula" do
país. O PSDB, também já percebeu que os petistas consideram
Alckmin o nome mais provável
para tentar bater o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas daqui a dois anos.
Os "padrinhos" da virtual disputa no segundo turno paulistano
entre a prefeita Marta Suplicy
(PT) e o ex-ministro José Serra
(PSDB) são exatamente Lula e
Alckmin. Curiosamente, o ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso é bombardeado de forma secundária pelo PT e não apareceu uma única vez no horário
eleitoral gratuito de Serra. FHC,
para petistas e tucanos, está fora
da disputa presidencial de 2006.
Ou seja: interessa ao PT desgastar Alckmin desde logo, como interessa ao governador tucano reforçar o carimbo de oposto de Lula. Em contraponto a um presidente emocional, vende-se como
um político racional e certinho.
Estrategistas de PT e de PSDB
consideram Lula favorito. Ambos
os lados afirmam que há uma tendência a se votar a favor da reeleição. Mas Alckmin, que prefere
enfrentar a situação a correr o risco de perder a única vaga ao Senado para Eduardo Suplicy, vai reforçando seu cacife no Estado.
Artilharia petista
"Qual parceria é melhor para
São Paulo? Lula-Marta ou Alckmin-Serra?" Essa é a pergunta que
deverá nortear a estratégia de televisão e rádio no horário eleitoral
gratuito que caberá ao PT.
O objetivo é vender para os paulistanos que Marta tem um padrinho mais forte que Serra. Números de repasses federais serão passados à exaustão na TV. Um novo
depoimento de Lula ao horário
gratuito será gravado.
A segurança pública, responsabilidade do governo Alckmin, deverá ser abordada pela propaganda petista de modo negativo. O
PT também continuará a bater na
tecla de que Serra não foi tão bom
ministro da Saúde como vende.
Munição tucana
Além do investimento "Alckmin-2006", a campanha de Serra
minimizará a estratégia de fazer o
"julgamento de personalidades",
recurso que priorizou no primeiro turno, e passará a centrar fogo
no "julgamento de governo".
No primeiro turno, o PSDB investiu no bordão "Serra é do
bem" e no perfil "planejador" para se contrapor à "arrogante" e
"inexperiente" Marta. A partir de
agora, os tucanos deverão bombardear mais a gestão da prefeita e
menos a "dona Marta".
Ambos os lados terão 15 minutos de comerciais por dia, mais
dois programas de dez minutos
cada. Tal poder de comunicação
não tem paralelo no mercado privado. Uma grande rede varejista,
por exemplo, usa em grandes
campanhas no máximo 15% ou
20% desse tempo.
O eleitor ficará enjoado de tanto
bombardeio, prevêem os comandos de campanha de Marta e Serra. Na segunda fase, cresce também a audiência dos programas,
porque aumenta o interesse do
eleitor. As duas campanhas concordam em outro ponto: a vitória
será por margem apertada.
Texto Anterior: Trajetória de Erundina é marcada por choques com o PT Próximo Texto: Making of: Candidatos viram "modelo" para fotógrafo Índice
|