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Bittar e Jandira não empolgam artistas no Rio
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
O senso comum de que a esquerda carioca é firme e forte foi
desafiado nesta eleição. Jorge Bittar (PT) e Jandira Feghali (PC do
B) não conseguiram passar dos
5% nas pesquisas do Ibope nem
empolgar artistas e intelectuais,
fiel eleitorado da esquerda.
Mesmo um ator de longa militância política como o petista
Paulo Betti não se engajou neste
ano. Ele não revela se vai votar em
Bittar ou Jandira, lamentando
apenas que os dois não tenham se
unido. "Mas meu problema é outro. Como vou apoiar um candidato, se hoje isso é feito de maneira profissional? Como eu, que sou
amador e jamais me profissionalizarei na política, vou subir num
palanque ao lado de uma dupla
sertaneja que ganha R$ 70 mil?".
Esse dilema tem deixado os artistas "perplexos": "Políticos que estavam do outro lado hoje estão no
PT. É algo normal no jogo político, mas para um artista é difícil lidar com isso", afirma ele, ressalvando que apóia o governo Lula.
O ator Sérgio Britto está entre os
que vêem apatia não só entre os
artistas, mas em toda a população. "Ninguém está acreditando
em nada", lamenta. Ele mesmo se
diz um "desanimado" e, valendo-se de seus 81 anos, decidiu não votar, ao contrário do que fez nas
duas últimas eleições municipais.
"Eu já passei da época de acreditar. Mas acho que o desânimo geral está ligado à eleição de 2002",
diz Britto, para quem as esperanças depositadas em Lula ainda
não foram correspondidas.
O dramaturgo Alcione Araújo,
51, vê um cenário de apatia: "O
desencanto é enorme". Ele vai votar em Jandira: "Depois do apoio
a Garotinho [98] e da gestão de
Benedita [no governo estadual], o
PT do Rio virou uma coisa amorfa. Não atrai a esquerda". Foram
poucos os artistas que declararam
voto em Bittar ou Jandira. Cesar
Maia, mesmo sendo do PFL, recebeu o apoio de Nana Caymmi, Elba Ramalho e Elizabeth Savalla.
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