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Casamento pioneiro uniu carioca e japonês "Manoel"
TEREZA YOSHINAGA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Takeo Iwabuchi chegou à
praça Mauá, na zona portuária
do Rio, em 1912, aos 22 anos.
Deixou a família em Aomori,
norte do Japão, e veio para o
Brasil depois de receber uma
carta de um amigo imigrante.
Seus bens se resumiam a peças
de seda e parte de uma herança.
Iwabuchi se instalou com outros conterrâneos em uma pensão. Da sua janela, o recém-chegado observava o movimento da rua e uma moça, que trabalhava como vendedora em
uma loja em frente, lhe chamou
a atenção. Era Jurema de Araújo, carioca filha de portugueses.
Pouco tempo depois, Iwabuchi se mudou para a pensão da
família Araújo, em São Cristovão, e começou a namorar Jurema. Em três anos, decidiram
se casar. A notícia do noivado se
espalhou pelo bairro e os vizinhos perguntavam aos pais da
noiva como eles permitiriam
que a filha se casasse com um
japonês, afinal ninguém sabia
"que gente era essa".
A união não abalou os Araújo,
a matriarca já era chamada de
mãe por Takeo. E ele foi rebatizado Manoel pela família.
Depois do casamento, em
1918, o casal se mudou para São
Paulo, onde causava estranheza na comunidade nipônica.
"Ele não foi o primeiro a se
casar com uma brasileira. Sei
de outro casamento em 1912,
no Rio, mas em SP foram os primeiros", diz Paulo Iabutti, 85,
um dos sete filhos do casal.
Em fotos de eventos da comunidade, Jurema aparece como a única "gaijin". Ela se
adaptou à cultura, aprendeu os
pratos prediletos do marido e
fez com que o bacalhau entrasse na lista de seus favoritos.
TEREZA YOSHINAGA NOVAES é neta de japoneses. Seus avós chegaram ao Brasil em 1933
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